04.08.2013 Views

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

enquanto indivíduos é um <strong>do</strong>s seus primeiros efeitos de poder”. 23 O indivíduo, pois, não<br />

é o outro <strong>do</strong> poder, é um <strong>do</strong>s seus primeiros efeitos 24 . “O indivíduo é um efeito <strong>do</strong> poder<br />

e simultaneamente, ou pelo próp<strong>rio</strong> fato de ser um efeito, é seu centro de transmissão.<br />

O poder passa através <strong>do</strong> indivíduo que ele constitui”. 25<br />

É nessa perspectiva que será registrada neste capítulo a trajetória de<br />

constituição <strong>do</strong> moderno saber penal. Não se trata de uma análise descendente<br />

(dedutiva), partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo central <strong>do</strong> poder para evidenciar os seus efeitos na<br />

construção <strong>do</strong> discurso penal. É antes um estu<strong>do</strong> analítico, cujo objetivo será assinalar<br />

como os vá<strong>rio</strong>s poderes (econômico, político, científico, sempre considera<strong>do</strong>s no inte<strong>rio</strong>r<br />

da dinâmica social) concorrem na configuração <strong>do</strong> moderno e <strong>do</strong> contemporâneo saber<br />

penal e como este, enquanto poder disciplina<strong>do</strong>r e mecanismo de controle social <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, com suas técnicas e táticas próprias, torna-se útil no processo de ascensão <strong>do</strong><br />

capitalismo, na conformação <strong>do</strong> poder político e <strong>do</strong> poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, e sobremaneira,<br />

consideran<strong>do</strong> agora o objeto deste estu<strong>do</strong>, como o saber penal interage na sua relação<br />

com a mulher enquanto estratégia de sujeição e de regulação <strong>do</strong> comportamento<br />

23 FOUCAULT, Michel. Microfísica <strong>do</strong> poder, p. 183.<br />

24 Nas relações de poder e <strong>do</strong>minação, a sujeição <strong>do</strong> indivíduo não é obtida só pelos instrumentos da violência ou da<br />

ideologia, há um “saber” <strong>do</strong> corpo, uma tecnologia política <strong>do</strong> corpo que é posta em jogo pelos aparelhos e<br />

instituições que, pelos seus mecanismos e efeitos, atuam como uma microfísica <strong>do</strong> poder, colocan<strong>do</strong> o sujeito em um<br />

nível diferente. Não concebe o poder como uma propriedade, mas como uma estratégia, cujos efeitos de <strong>do</strong>minação<br />

não são atribuí<strong>do</strong>s a uma “apropriação”, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos.<br />

Assim, na direção contrária <strong>do</strong> verdadeiro de sua época, em que psicanalistas e historia<strong>do</strong>res viam o poder a partir de<br />

uma acepção jurídica e negativa, que expulsa, reprime, proíbe e esconde a possibilidade de o sujeito se constituir, se<br />

manifestar, Michel Foucault concebe o poder como uma técnica-estratégica-positiva, na qual antes de reprimir a<br />

subjetivação, ele define papéis, modela os indivíduos e produz, portanto, subjetividades. In: FOUCAULT, Michel.<br />

Vigiar e punir, p. 25-27.<br />

25 FOUCAULT, Michel. Microfísica <strong>do</strong> poder, p. 184.<br />

24

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!