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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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agrícola, pelo cultivo de plantas e pela <strong>do</strong>mesticação de animais. Nesse tempo histórico<br />

as relações entre homens e mulheres eram de cooperação, sen<strong>do</strong> a mulher<br />

considerada mais próxima <strong>do</strong>s deuses pelo fato de depender dela a reprodução da<br />

espécie. O mun<strong>do</strong> era governa<strong>do</strong> pelos princípios masculino e feminino.<br />

O matriarca<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Rosalind Miles, “fica mais bem compreendi<strong>do</strong> como<br />

forma de organização social centrada na mulher, substancialmente igualitária, onde não<br />

se julga antinatural ou anômalo a mulher ter poder ou engajar-se em todas as<br />

atividades da sociedade ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s homens”. 162<br />

Foi com as sociedades de caça que se instauram as relações de violência: “os<br />

mais fortes começam a <strong>do</strong>minar e a ter privilégios e o masculino passa a ser o gênero<br />

pre<strong>do</strong>minante”. 163 A relação homem/mulher é atravessada pela <strong>do</strong>minação e pela<br />

violência, sen<strong>do</strong> esta também a base das relações entre os grupos e entre a espécie e<br />

a natureza. As razões dessas transformações ainda não são de inteiro <strong>do</strong>mínio da<br />

organização social, median<strong>do</strong> e solucionan<strong>do</strong> os conflitos, caben<strong>do</strong>-lhes uma espécie de hegemonia política.<br />

Destacam-se essas culturas pela cooperação e sua vivência harmônica com a natureza, dentro de um pressuposto de<br />

interdependência <strong>do</strong> ecosistema com a vida humana. Segun<strong>do</strong> alguns historia<strong>do</strong>res, a própria linguagem estaria<br />

associada ao trabalho civiliza<strong>do</strong>r das mulheres. Já o fim <strong>do</strong> matriarca<strong>do</strong> é situa<strong>do</strong> por volta de 2000 a C.,<br />

apresentan<strong>do</strong> variações nas datas conforme o espaço. In: MURARO; BOFF. Op. cit., p. 53-54.<br />

Pesquisas recentes têm contesta<strong>do</strong> a tese <strong>do</strong> matriarca<strong>do</strong> ou a possível existência de sociedades igualitárias dirigidas<br />

por mulheres. Referência nesse senti<strong>do</strong> é a antropóloga americana Cynthia Eller, que causou polêmica ao lançar, em<br />

2000, a obra O Mito da Deusa, na qual disseca a crença num matriarca<strong>do</strong> pré-histórico, sugerida no século XIX por<br />

importantes antropólogos e arqueólogos, quan<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>res da chamada Era <strong>do</strong> Gelo desencavaram <strong>grande</strong>s<br />

quantidades de estátuas revelan<strong>do</strong> poderosas figuras femininas conhecidas como Vênus, as quais foram identificadas<br />

como representações de deuses, surgin<strong>do</strong>, então, a tese de um matriarca<strong>do</strong> ancestral, sociedades pacíficas, igualitárias<br />

e criativas que teriam ocupa<strong>do</strong> principalmente o territó<strong>rio</strong> europeu e asiático desde o ano 35.000 a. C., e terem si<strong>do</strong><br />

progressivamente extintas a partir de 4000 a. C., quan<strong>do</strong> invasores vin<strong>do</strong>s das estepes teriam toma<strong>do</strong> o continente e<br />

introduzin<strong>do</strong> o machismo, a cultura da guerra e a sociedade patriarcal. Para Cynthia Eller, trata-se de um mito<br />

moderno explican<strong>do</strong> a origem <strong>do</strong> sexismo. In: NOGUEIRA, Pablo. Matriarca<strong>do</strong>, história ou mito. Galileu, Rio de<br />

Janeiro, abr. 2005, p. 70-75.<br />

162 MILES, Rosalind. A história <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pela mulher. Rio de Janeiro: Casa-Maria Editorial, 1988, p. 50.<br />

163 MURARO; BOFF. Op. cit., p. 11.<br />

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