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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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ecíproco, visto como prova de uma livre escolha. O fato de a lei submeter a mulher ao<br />

homem, ou o fato de aquela dever obediência a este, é trata<strong>do</strong> como questão<br />

secundária. Sen<strong>do</strong> um ser livre, a mulher era também um ser de razão.<br />

Como um ser de razão, estava submetida à reprodução da espécie. A<br />

dependência conjugal que, segun<strong>do</strong> Kant, privava a mulher de uma personalidade civil,<br />

bem como a submissão à vida da espécie, eram entendidas como perfeitamente<br />

compatíveis com a sua liberdade e a igualdade entre homens e mulheres.<br />

O estatuto jurídico da mulher nos postula<strong>do</strong>s de Kant assume um conteú<strong>do</strong><br />

contraditó<strong>rio</strong>, observa Michelle Perrot, “como indivíduo a mulher pertence ao direito<br />

pessoal; como membro da família está submetida ao direito conjugal, de essência<br />

monárquica”. 202 Kant deixa claro que, no papel de reprodutora da vida, os interesses<br />

particulares da mulher estavam submeti<strong>do</strong>s aos da espécie, representada na família, é<br />

ali que se encontra o verdadeiro triunfo da razão.<br />

Hegel opõe-se radicalmente ao “contrato positivo” de Kant. No seu entendimento,<br />

o casamento se funda num “ser-particular”, cuja peculiaridade é estabelecida pela<br />

natureza, não pelo arbít<strong>rio</strong> de uma abstração (referin<strong>do</strong>-se ao contrato de Kant). Para o<br />

filósofo, a “personalidade”, ou o “ser-sujeito”, no casamento se aniquila. A liberdade, no<br />

seu entendimento, consiste na “indiferença das determinidades”. 203 Ou então, uma vez<br />

202 PERROT, Michele. História da vida privada. Da revolução francesa à primeira guerra. Trad. Denise Bottmann e<br />

Bernar<strong>do</strong> Joffily. São Paulo: Companhia das letras, 1991, v. 4, p. 93.<br />

203 HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. O sistema da vida ética. Lisboa: 1991, p. 38.<br />

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