unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
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O gênero seria assim um “projeto incessante”, um ato diá<strong>rio</strong> de construção e<br />
interpretação. Nisso se inscreve a “política <strong>do</strong> sexo” ou a teoria da sexualidade de<br />
Michel Foucault apresentadas em seu primeiro volume de A História da Sexualidade,<br />
em que oferece estratégias para subverter e dissipar a configuração binária de força, o<br />
modelo jurídico de opressor e oprimi<strong>do</strong> e a hierarquia de gênero. Não se trata, como<br />
afirma Judith Butler, de transcender as relações de força, “mas multiplicar suas várias<br />
configurações, de mo<strong>do</strong> que o modelo jurídico de força como opressão e regulação não<br />
seja mais homogêneo”. 141<br />
Não se pretende neste estu<strong>do</strong> esboçar as teorias de gênero e o seu pluralismo<br />
epistêmico, tem-se disponível uma ampla literatura nesse senti<strong>do</strong>, torna-se relevante<br />
elucidar, porém, que para esta pesquisa, a categoria gênero apresenta-se como um<br />
instrumental de análise que permite avaliar como os condicionamentos culturais,<br />
sociais, políticos, econômicos e religiosos estabelecem os papéis sociais de mulheres e<br />
homens e como esses significa<strong>do</strong>s foram incorpora<strong>do</strong>s ao Direito e como o discurso<br />
jurídico tem contribuí<strong>do</strong> nessa construção.<br />
Na mesma perspectiva <strong>do</strong> capítulo ante<strong>rio</strong>r, quan<strong>do</strong> se apresentou a teoria<br />
dan<strong>do</strong> sustentabilidade ao discurso jurídico-penal a partir de suas relações com as<br />
diversas esferas <strong>do</strong> poder, este espaço traz a produção de saberes, ou a verdade que<br />
inscreve os ideais de gênero na cultura e no imaginá<strong>rio</strong> de homens e mulheres no<br />
141 Idem, p. 150.<br />
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