unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
1.1.3 Escola Clássica: O Crime é uma Ação de Livre Arbít<strong>rio</strong><br />
Reunin<strong>do</strong> as teorias desenvolvidas por diversos autores europeus sobre o Direito<br />
Penal, o crime e a pena, a teoria da Escola Clássica é assinala<strong>do</strong> por uma rigorosa<br />
racionalização <strong>do</strong> poder punitivo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em nome das liberdades individuais, o que<br />
leva à projeção, segun<strong>do</strong> Vera Regina de Andrade 58 , de uma justiça penal calcada nos<br />
princípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> liberal, dentro de uma perspectiva “humanista”, “utilitarista” e<br />
“contratualmente modelada”, elevan<strong>do</strong> o crime à categoria de ente jurídico<br />
rigorosamente codifica<strong>do</strong>, assim como a pena imposta numa promessa de segurança<br />
jurídica individual para a modernidade.<br />
As idéias <strong>do</strong> Direito Penal moderno constituíam, antes de tu<strong>do</strong>, uma reação<br />
contra os vícios da legislação ante<strong>rio</strong>r, obscura, de caráter inquisitivo e tirânico,<br />
“possibilitan<strong>do</strong> a arbitrária e desigual aplicação da lei conforme a condição social <strong>do</strong><br />
acusa<strong>do</strong>” 59 . A justiça <strong>do</strong> Antigo Regime 60 , assinala a autora, “atentava, em to<strong>do</strong>s os<br />
senti<strong>do</strong>s, contra a certeza <strong>do</strong> Direito e a segurança individual” 61 .<br />
58 ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão da segurança jurídica: <strong>do</strong> controle da violência à violência <strong>do</strong><br />
controle penal. Porto Alegre: Livraria <strong>do</strong> Advoga<strong>do</strong>, 1997, p. 49- 50.<br />
59 Idem, p.49.<br />
60 O Antigo Regime, nesta dissertação, é visto como o conjunto de características sociais, políticas, econômicas e<br />
culturais <strong>do</strong>minantes nas sociedades européias na Idade Média, ten<strong>do</strong> na França o modelo mais acaba<strong>do</strong> de<br />
centralização <strong>do</strong> poder. Enquanto a nobreza e o clero tinham privilégios fiscais, justiça especial, direito a caçar e a<br />
exigir obrigações feudais <strong>do</strong>s camponeses, o resto da população (baixo clero, artesãos, camponeses) estava sujeito a<br />
longas jornadas de trabalho, opressão <strong>do</strong>s impostos, obrigações feudais, dízimos, corvéia (trabalho gratuito),<br />
intolerância religiosa e toda espécie de injustiças (torturas, pena de morte, expropriação). É um perío<strong>do</strong> (basicamente<br />
de 1620 e 1807) permea<strong>do</strong> por revoluções camponesas e urbanas que obstacularizam o desenvolvimento econômico.<br />
O Iluminismo surge no século XVII pregan<strong>do</strong> a igualdade, tolerância religiosa, liberdade e propriedade, in<strong>do</strong> ao<br />
encontro das aspirações da burguesia. O Esta<strong>do</strong> forte utilizava o conflito para exercer seu <strong>do</strong>mínio. O Antigo Regime<br />
foi iníquo em muitos aspectos, mas também foi uma experiência de sociabilidade em que política e afeto, poder e<br />
prazer, honra e glória caminhavam juntos. Os indivíduos formavam a sociedade, mesmo em seu despreparo político,<br />
o que foi aproveita<strong>do</strong> pelas idéias iluministas, que forneceram o respal<strong>do</strong> ideológico para os que queriam modernizar<br />
37