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No que se refere à questão de gênero, apesar de uma maior mobilização e
intervenção da mulher no sistema político, e o aumento de sua participação em cargos
governamentais, o Estado pode ser considerado, em grande medida, como protetor das
mulheres, “Já que só escassamente as têm feito participar da distribuição das
vantagens e das desvantagens”. 274
Percebe-se de outra parte que a lógica subjacente de um paternalismo
generalizado, determinado pelo gênero, é um fenômeno estrutural do Estado-
Providência. Neste sentido, permanece em aberto a questão: até que ponto as
mulheres devem recorrer ao Estado, ou recorrer ao Direito como instrumento de
transformação social? Ou então, qual será o preço por transformar problemas de foro
íntimo, privado, em litígios jurídicos, visto que isso poderá acarretar transformações nas
relações entre as partes envolvidas e entre indivíduos e o Estado?
A ampliação das redes de controle sobre as mulheres deve ser analisada dentro
desse complexo panorama do Estado a da dinâmica da vida contemporânea. Para os
movimentos feministas mais radicais, são as mulheres dos estratos sociais mais baixos
e dos países menos desenvolvidos as mais atingidas pelas contradições do
corporativismo do Estado como forma de controle e regulação, visto que as mulheres
com maior capacidade econômica optam pelos serviços descentralizados (privados).
274 DAHL. Op. cit., p. 9.
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