unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

campo de atuação das mulheres foi das congregações religiosas, em que
desempenharam importante papel missionário, inclusive como disseminadoras da
cultura européia e da educação, ocupando, muitas vezes, o vazio deixado pelo Estado.
Se, pela escrita, pela caridade, filantropia, educação, ou trabalho assalariado, no
papel de operárias, educadoras, médiuns, missionárias, ainda que com idéias bastante
estreitas e moralizantes, a mulher desafiava a fronteira entre o público e o privado,
embora pelo Código de Napoleão não passasse de uma menor, ou de um membro
subordinado da família, sem cidadania “a legitimidade republicana afirmou-se forçando
ainda mais a exclusão da mulher”. 188
A resistência e os discursos antagônicos eram vistos como uma grave ameaça
ou risco à segurança da família e do Estado, sendo o bastante para que durante o
século XIX proliferassem os discursos reafirmando a natureza perigosa das mulheres, e
que tentavam devolver-lhes a sua verdadeira identidade e funções.
esse era estritamente de cunho moral, pedagógico e sentimental. Durante a Revolução Francesa, nasce uma literatura
feminina que, mesmo estando interdita a manifestação política ou o caráter reivindicatório, é uma referência ao
tempo presente. Os romances femininos são uma expressão pública do peso social, das realidades concretas que
dizem respeito ao conjunto de mulheres. Inicia-se, assim, o acesso das mulheres ao domínio público, embora não
reconhecido socialmente e não normatizado na legislação da época. Trata-se de uma inserção indireta nas “zonas”
reconhecidamente masculinas. As mulheres se inserem na política e na história recorrendo ao instrumento falsamente
neutro do literário. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle. História das mulheres no ocidente, p. 171-197.
188 PERROT, Michelle. Mulheres públicas, p. 117.
90