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Tribunal de Justiça do Estado do Rio - Emerj

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Com isso, percebe-se que o comportamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve estarvincula<strong>do</strong> a uma impossibilida<strong>de</strong> superveniente <strong>de</strong> se cumprir o pactua<strong>do</strong>,isto é, a conduta da contraparte <strong>de</strong>ve, necessariamente, dar causaao inadimplemento. Desse mo<strong>do</strong>, excluem-se da quebra antecipada, porexemplo, as hipóteses <strong>de</strong> caso fortuito ou força maior, haja vista que, nessescasos, a superveniente impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprimento não se vinculaao comportamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r, e sim a fatores externos à relaçãoobrigacional.Na esteira da <strong>do</strong>utrina francesa, tem-se que o comportamento <strong>do</strong><strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve ser tal que torne a execução <strong>do</strong> contrato “<strong>de</strong>finitivamenteimpossível” 39 , afinal a ruptura <strong>do</strong> contrato anterior ao termo é medidaexcepcional, que não dá margem para incertezas. Assim, para que a quebraantecipada <strong>do</strong> contrato esteja efetivamente caracterizada, a impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> cumprimento das obrigações <strong>de</strong>verá se dar <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>finitivae diretamente ligada ao comportamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r.3.3 Elemento subjetivo: a culpa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>rPor fim, para que esteja configura<strong>do</strong> o inadimplemento antecipa<strong>do</strong>– seja na hipótese <strong>de</strong> recusa expressa, seja na <strong>de</strong> comportamento conclu<strong>de</strong>nte<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r –, há <strong>de</strong> se verificar não apenas os elementos objetivosacima elenca<strong>do</strong>s, mas também a existência <strong>do</strong> elemento subjetivo, qualseja, a culpa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r.Segun<strong>do</strong> MIGUEL LABOURIAU 40 , o inadimplemento das obrigações,em geral, se mostra intrinsecamente liga<strong>do</strong> à noção <strong>de</strong> culpa na prestação,<strong>de</strong> maneira que a sua caracterização <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, necessariamente,da imputabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>scumprimento ao <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r. Assim, tem-se que, damesma forma que no inadimplemento pelo advento <strong>do</strong> termo, o inadimplementoantecipa<strong>do</strong> também exigirá que a contraparte tenha agi<strong>do</strong> <strong>de</strong>maneira culposa na configuração das suas hipóteses <strong>de</strong> incidência.Importante ressaltar, portanto, que, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que no inadimplementopropriamente dito, a culpa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r analisada <strong>de</strong>ve ser abrangidano seu senti<strong>do</strong> lato, <strong>de</strong> forma a abarcar tanto o <strong>do</strong>lo como a culpastricto sensu (a qual abarcaria as hipóteses <strong>de</strong> imprudência, negligência eimperícia), eis que a ruptura antecipada <strong>do</strong> contrato não foge à regra.39 GILSON, Bernard. Op. cit. p. 57. “L’inexécution par anticipation se définit comme um refus d’exécuter catégoriqueque le débiteur fait connaître à l’avance, ou comme un comportament <strong>de</strong> nature à rendre l’exécution définitivementimpossible.” (tradução livre - grifou-se)40 op. cit., p. 101.R. EMERJ, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 56, p. 145-172, out.-<strong>de</strong>z. 2011 157

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