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ICOM International Council of Museums - International Institute for ...

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No cenário acadêmico contemporâneo e na prática de pr<strong>of</strong>issionais de História e demuseu há perplexidade diante da convivência e simultaneidade de diferentes modosde compreender e fazer História. Este olhar coloca para a Museologia e pr<strong>of</strong>issionaisdo campo algumas questões. Analisamos quatro correntes e tendências que sedesenvolveram nas quatro últimas décadas do século XX e primeiros anos do séculoXXI: (1) o continuísmo dos anos 60-70; (2) o pós-modernismo; (3) o retorno à velhaHistória, a última “novidade” historiográfica; e (4) o desenvolvimento da chamadaHistória Imediata. Nestas quatro grandes correntes observamos relações com asmudanças nos paradigmas e problemas que são colocados para a Museologia.Os anos 60 apontam para novos enfoques, em particular pelos movimentos sociais,que colocaram em cheque as reflexões e o modo de fazer ciência. A última década doXX pareceu uma longa transição e toda transição é caminho de diferentesdesdobramentos e efeitos. Toda transição justifica incertezas e contrariedades.O Museu é uma intervenção racional, arbitrária, intencional e estratégica. O Museu éresponsável pela <strong>for</strong>mulação de valores e sentidos sobre algo, alguém, algumprocesso. Segundo Scheiner (1994), o Museu é resultado direto de uma produção,seleção, articulação, veiculação e resignificação de processos selecionados delembranças e esquecimentos dos sujeitos, grupos sociais, instituições e projetossociais. Pelo que se veicula no Museu, os atores, os grupos sociais, as instituições eos projetos sociais falam, expressam identidades, diferenças, redes que os articulam,alianças e estratégias de suas ações e discursos. O Museu <strong>of</strong>erece visibilidade parasituações e contextos que não são necessariamente explícitos.O Museu organiza, hierarquiza, relaciona e significa os espaços e lugares da cultura eda sociedade, como Nora (1994) demonstrou. No Museu, o local, regional, nacional,global encontram ou articulam nexos, hierarquias, prioridades. O Museu produz umcronograma do tempo e objetivos perseguidos, a cenografia ajuda a trans<strong>for</strong>mar oobjeto numa realidade, dotá-lo de sentido. Os monumentos, documentos, saberes,práticas, celebrações e modos de expressão ganham permanência, perseguem acondição de “legítimos” e de “legitimidade” nas disputas sociais e simbólicas.O Museu influencia ou orienta rumos, concepções, ações e políticas. No Museu, osembates ganham sentido e dramaticidade. Eles dependem –crescentemente- dedispositivos tecnológicos e in<strong>for</strong>macionais para a legitimidade de seu discurso queconfigura o es<strong>for</strong>ço estratégico em garantir uma nova e vital modalidade de construçãode hegemonia cultural e social. Tais propósitos são estruturados e estruturadores dasrelações que envolvem Estado, interesses de grupos e subjetividades. O Museupretende a legitimidade científica e discursiva. Ele é, na expressão bourdiana, campode lutas sociais e simbólicas.Museu, Conjuntura e ReflexõesO museu discute e valoriza aquilo que constitui e consolida o “espírito e o modo dever, viver e sentir de um grupo”. Esta perspectiva valoriza a idéia que cada gruposocial, considerando suas prioridades e estratégias conjunturais, desenvolve códigospróprios, coerentes com a cultura e o universo simbólico e relacional em que ele seinstaura. Ao museu, numa perspectiva tradicional, caberia estabelecer condições quevalorizassem estruturas significantes, hierarquizadoras de relações, idéias e valores.Temas e eixos analíticos se impõem quando a Antropologia, a Sociologia Cultural, aCiência da In<strong>for</strong>mação, a Comunicação e a História orientam ou fundamentam ouinfluenciam no olhar e reflexões que movem os museus. Nos museus, as instituições,os eventos e os personagens são uma constante, estabelecendo relações,organização, personagens, valores e culturas. Mesmo numa conjuntura em que osmovimentos sociais questionam o modo de olhar e os valores, os modelos de análisescomprometidas com a permanência social, possuem expressão, desafiando outrasposições e concepções identificadas com reflexões atuais.106

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