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ICOM International Council of Museums - International Institute for ...

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Uma idéia percorre as instituições de cultura e os museus ao longo do XX, danecessidade em intervir de <strong>for</strong>ma racional na reorientação do olhar da população.Desde a segunda metade dos anos 70, quando a democracia e a justiça socialocupam um lugar estratégico nos movimentos sociais, pr<strong>of</strong>issionais e militantes dasinstituições de cultura, artes, e ciências se empenham na produção de situações oucondições alternativas. Este, entretanto, não é o primeiro es<strong>for</strong>ço em viabilizar talprocesso, um movimento que reúne projetos em torno de uma pauta mínima e demudança nas instituições, políticas, modos de gestão e relações entre cultura esociedade. O ideário da universalização, descentralização administrativa, controlesocial, desconcentração de recursos, humanização das relações movem diversoses<strong>for</strong>ços de mobilização. Esta realidade se recusa a conviver com modelossimplificadores, sejam duais ou não, e exige dos agentes ou atores políticos, técnicose pr<strong>of</strong>issionais um es<strong>for</strong>ço inovador de compreensão dos fenômenos sociais eculturais.O museu, as instituições e ações de cultura, políticas setoriais, atores e projetos sócioculturaissão partes de uma estratégia e interesses específicos. O Museu, portanto, éproduto e construção histórica, uma condição conjuntural.Os modelos científicos fizeram-se como referência e diálogo com um determinadotempo, relações sociais e visões estratégicas de mundo. A ciência encontra dificuldadeem falar de um tempo imediato, na <strong>for</strong>mulação e compreensão de mudanças naconjuntura e de suas relações com outras disciplinas científicas e com a sociedade.Burke (1992), analisando o campo da História, demonstra esta condição. Novostemas, linguagens e enfoques são valorizados ou vistos com desconfiança.No final dos anos 60, o contexto internacional era de pr<strong>of</strong>unda crise de hegemonia e,aparentemente, havia uma possibilidade ou permitiria a convivência com diferentestensões sociais, ideologias e modelos societários que exigiam novos conteúdos,práticas e modos de produção de conhecimento. As ciências passavam por vigorosascríticas, ataques e revisões, as correntes subjetivistas e aquelas ligadas aos setoressociais mais tradicionais empenhavam-se na luta contra o marxismo e contra o“voluntarismo” que se expressaria nos movimentos sociais, provocando uma pr<strong>of</strong>undarevisão no campo da História, influenciando outros domínios científicos.Nos anos 90, estas reflexões desencadearam a possibilidade de movimentos sociaissobre o debate científico, novas práticas dos pr<strong>of</strong>issionais e relações entre sociedadee Estado. No centro deste processo, a conjuntura assume uma dimensão a sermodificada e se torna objeto de análise. A reflexão sobre a conjuntura exige umempenho diferenciado em relação aos modelos de análise que prevaleciamanteriormente e passa a constituir em movimento intelectual, resiste e se empenha emdesarticular a análise positivista, comprometida com antigas lideranças, valores egrupos sociais.A Historiografia, centrada no imediato, empenha-se em empreender uma detalhada emetódica análise dos fenômenos conjunturais, incorporando a suas reflexões e temasestudados desde a “História Nova”, como aparentes banalidades, a narrativa docotidiano, dos homens comuns, das relações, afetos e comportamentos de umaépoca, de uma localidade - de um personagem, no seu limite -, sistema de valores,crença e atividades. A História Imediata, para ser desenvolvida, deve estar orientadapela crescente e necessária consciência da interdependência dos fenômenos, suasredes relacionais e diferentes <strong>for</strong>mas de expressão e efeitos. A riqueza daspossibilidades deste novo modo de olhar e produzir científico surpreende e originaadesões e desdobramentos.Uma análise dos fenômenos e processos conjunturais exige aproximação com outrasciências humanas e sociais, desconstruindo –e mesmo desconsiderando- a História ea tradição positivista. Trata-se de um percurso de inovações que considera a tradiçãohistoriográfica marxista, cujo maior nome é Edward Thompson. Lembrando Febvre(1989), para o historiador e seu trabalho, "toda história é escolha". Para o historiador eanalista dos processos contemporâneos, há o desafio adicional de pensar criticamente107

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