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ICOM International Council of Museums - International Institute for ...

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Segundo Scheiner, perceber Museu e Patrimônio em pluralidade permite acompreensão de queo patrimônio e o museu têm uma face intangível – não de coisa dada, mas que seconfigura no ato, no momento da relação. Mas, se é no mundo que o patrimônio seconstitui, e que o museu se realiza, poderíamos ainda reafirmar que a verdadeirarelação do cruzamento Museu e Patrimônio é a que se institui na prática, a partir dasrelações de cada grupo social com os tempos e os espaços da memória individual ecoletiva. 25Sendo assim, devemos aqui considerar o caráter regional destes dois conceitos,aquele definido pela relação do Museu e do Patrimônio com a sociedade de cada locale – ainda mais importante – a relação com a construção das identidades. Na AméricaLatina, onde a mistura dos traços identitários se faz presente de <strong>for</strong>ma tão branda, oMuseu deve exercer o importante papel de servir de ferramenta para a valorização dasidentidades a partir da relação de cada comunidade com o Patrimônio.3. Em nossas florestas de culturaFalar sobre os países da América Latina sob esta perspectiva significa estar tratandode sociedades em que a relação com o passado está impregnada da grandedificuldade que esses povos encontram em verem a si mesmos. A cultura latinoamericanase vê repleta de rupturas e influências que a de<strong>for</strong>mam, impedindo seureconhecimento por aqueles mesmos que a criaram e devem viver dela. A pertinênciadeste contexto de misturas e contradições é um dos poucos elementos que todas asidentidades aqui existentes têm em comum, fazendo de nosso continente uno e nãomulti como já somos em tantos aspectos.É preciso que comecemos a encontrar meios ou ferramentas que nos possibilitem umaauto-percepção mais plena e verdadeira, sem modelos prontos de cultura, seminfluências de outras sociedades, sem querermos ser o que não somos, já que somostanto e não sabemos. O multi e o pluri em nossa cultura acabam sendo traduzidos pornada ou muito pouco, quando fazemos tanta <strong>for</strong>ça para sermos uno. A busca por umaunidade cultural – que não é utópica, já que o uno é constituído de múltiplas partes,mas também não é simples porque o caminho para nós é longo – faz com quebusquemos rótulos pelos quais podemos nos ver com mais segurança, porém menosprecisão.Todos esses rótulos servem apenas para nos colocar em um certo lugar, determinadopor alguém que se beneficia desta posição em que somos sempre os mais fracos,para que os outros possam ser os mais <strong>for</strong>tes. Entretanto, no plano cultural tudo isso éirrelevante. Não existem culturas <strong>for</strong>tes e fracas, ou ricas e pobres. Todas as<strong>for</strong>mações culturais são válidas e diferenciadas, e por isso poderosas. A cultura é umresultado de múltiplos processos no tempo, e embora este resultado possa, às vezes,parecer uno, ele é sempre multi. Na América Latina o que falta é o desenvolvimento deum instrumento que nos possibilite ver nosso múltiplo e variado passado cultural, paraque possamos também enxergar o resultado dele, a cultura do presente, um mosaicorepleto de novidades.Segundo Canclini 26 todas as <strong>for</strong>mas de misturas que definem este continente devemser vistas como coexistentes em um mesmo prisma de muitas faces, e não comocontradições e antagonismos. Assim evitaríamos as <strong>for</strong>mas de conflito geradas na“interculturalidade” que se vê hoje, promovendo uma “multiculturalidade criativa”.o meio. É o tipo de conservação que se atribui às línguas faladas, que são preservadas por aqueles que fazem usodelas e estão em constante mutação.25 Id. Museologia, identidades, desenvolvimento sustentável: estratégias discursivas. In: UNESCO. Rio de Janeiro: IIEncontro Internacional de Ecomuseus. IX ICOFOM LAM. Museologia e desenvolvimento sustentável na América Latinae no Caribe. 2000. p.46-56.26 GARCIA CANCLINI, Néstor. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da Modernidade. Trad. Heloísa PezzaCintrão, Ana Regina Lessa. 2 ª ed. São Paulo: EDUSP, 1998. 385 p. il.462

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