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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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Seguiam-se as seguintes fases: 1) uma evocação triste, sem dramatizações<br />

excessivas; 2) o perdão <strong>do</strong>s companheiros; 3) oração e sacramento; 4)<br />

morte. Muitas vezes fazia parte <strong>do</strong> processo a realização pública <strong>do</strong><br />

testamento. O funeral e o luto ocorriam com manifestações emotivas<br />

profundas, com gritos, abraços ao cadáver, <strong>do</strong>res convulsivas. Isso ocorria<br />

até mais ou menos o século XIX. Com o século XX, as atitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> homem<br />

oci<strong>de</strong>ntal perante a morte e o morrer mudaram profundamente. A morte foi<br />

escondida, expulsa, para proteger a vida. Não se po<strong>de</strong> perceber sequer se<br />

ela ocorreu; é preciso dar certeza <strong>de</strong> que nada mu<strong>do</strong>u. Ela passa a ter sobre<br />

si o mandato <strong>do</strong> silêncio.<br />

Na Morte Domada temos o pre<strong>do</strong>mínio da aceitação da morte como<br />

uma fatalida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>nominada também <strong>de</strong> morte pacífica), o acompanhamento<br />

<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> morte pelos entes queri<strong>do</strong>s, repletos <strong>de</strong> rituais <strong>do</strong>mésticos e<br />

públicos, acresci<strong>do</strong>s ao fato <strong>de</strong> o gerenciamento da morte ser realiza<strong>do</strong> pelo<br />

enfermo.<br />

Quanto à mentalida<strong>de</strong> típica da Morte Invertida, crescente no século<br />

XX, Kovács (2003, p. 65-66) nos diz:<br />

86<br />

o que é mais característico <strong>de</strong>sta representação é a<br />

necessida<strong>de</strong> que a morte passe <strong>de</strong>spercebida, que nada<br />

mais anuncia a sua presença. Procura-se fazer com que ela<br />

continue acontecen<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira sempre igual, como se<br />

nada tivesse se passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> especial<br />

Há aqui uma interdição até <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> chorar os mortos, que dirá <strong>do</strong><br />

direito <strong>de</strong> gerenciar a própria morte.

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