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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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apoio, o ponto <strong>de</strong> apoio humano <strong>de</strong> que eu tão <strong>de</strong>sesperadamente<br />

necessitava.”<br />

O resi<strong>de</strong>nte 2 evi<strong>de</strong>ncia a presença ou ausência <strong>de</strong> uma comunicação<br />

clara, verda<strong>de</strong>ira, contribuin<strong>do</strong> para uma relação boa. Descreve na “cena<br />

ruim” sua <strong>de</strong>sconfiança em relação a uma possível falha <strong>do</strong> médico e a<br />

presença <strong>de</strong> uma comunicação não franca que gera <strong>de</strong>sconfiança nele; e<br />

como <strong>de</strong>sfecho da cena ruim, ele morre.<br />

Vejamos alguns fragmentos da “cena ruim”.<br />

206<br />

“[...] chega o meu médico que no início tínhamos uma boa<br />

relação, mas com o passar <strong>do</strong>s dias com o agravamento da<br />

minha <strong>do</strong>ença, passo a não me relacionar bem com ele, por<br />

achar que ele foi negligente em alguma fase <strong>do</strong> tratamento.<br />

Peço a ele que me se<strong>de</strong>, pois percebo que qualquer minuto<br />

em que eu passe consciente será <strong>de</strong> sofrimento. O meu<br />

médico nega meu pedi<strong>do</strong>, dizen<strong>do</strong> que não fará isso e que<br />

estou nervoso que essa fase vai passar. Percebo porque sei<br />

o meu real prognóstico que aquilo não é verda<strong>de</strong>, e isso fez<br />

com que a relação que eu tinha com esse médico só piore...”<br />

[Fragmento <strong>de</strong> cena - Rodrigo , resi<strong>de</strong>nte 2]<br />

É oportuno registrar que o resi<strong>de</strong>nte 2, mesmo atribuin<strong>do</strong> uma<br />

valoração negativa ao médico que não estabelece uma relação franca com o<br />

paciente, revela suas dificulda<strong>de</strong>s nesse tipo <strong>de</strong> abordagem quan<strong>do</strong><br />

construiu a “cena” em que ele era o médico. Enquanto médico ele <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>,<br />

realiza procedimentos, mas não consegue se abrir para o verda<strong>de</strong>iro<br />

diálogo, não tem clareza quanto à <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> seu paciente e <strong>de</strong> seus<br />

familiares (essa cena foi comentada anteriormente na página 186). Esse<br />

mo<strong>de</strong>lo é coerente com o para<strong>do</strong>xo que ele enfrenta: não <strong>de</strong>ve se envolver e<br />

<strong>de</strong>ve comunicar bem.

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