A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

A reflexão sobre os diferentes aspectos envolvidos no ensino da
morte no âmbito da formação médica e de outros profissionais de saúde tem
sido estimulada por alguns autores, como Concone (1983), Howells (1986),
Boemer (1989), Zaidhaft (1990), Klafke (1991), Rappaport (1993), Sayd
(1993), Viana e Piccelli (1998), Rosa (1999); Lino (2003); Kovács (1992,
2003) e Falcão e Lino (2004). Contudo, é inegável que as escolas médicas
ainda enfrentam dificuldades para assumirem o compromisso educacional
com essa temática. Cenas como as do início deste texto corroboram nosso
pensamento, bem como as pesquisas dos referidos autores apontam a falta
de preparo dos estudantes de medicina e médicos para lidar com os
processos de morte. As questões do morrer muitas vezes ficam limitadas a
seus aspectos técnicos, ou fora da medicina.
Vianna e Piccelli (1998) nos lembram que, nas duas últimas décadas,
a literatura científica tem sido pródiga em publicações sobre as atitudes do
médico diante da morte e do paciente terminal. Entretanto, revelam que há
poucos indícios capazes de definir se tais reações surgem durante o
exercício da profissão, em face de situações concretas envolvendo a morte
de pacientes, ou se há predisposições trazidas ou desenvolvidas durante a
formação médica.
Falcão e Lino (2004, p. 117), investigando como a morte é abordada
na formação médica, trabalham com alunos do início e fim do curso,
buscando a percepção deles diante do paciente terminal. Identificam a
dificuldade dos alunos com a proximidade da morte, o conseqüente
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