A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

para o estágio seguinte. Quanto aos médicos, pode ser menos explícito esse
sentimento, mas surge em frases como: por que comigo? Ele podia não
morrer, ou não morrer agora? Será que errei? A fala de uma aluna: “Eu já vi
um residente dizer que não dá para não sentir revolta quando perde um
paciente”. Os dois primeiros estágios vão estar presentes diante da dor de
não salvar.
Terceiro estágio – a barganha. Significa pedir alguma coisa e dar
outra em troca. No caso dos pacientes, a barganha é realizada com Deus,
santos, anjos. Seria um compromisso que o deixaria ligado à vida, o
impediria de morrer, uma meta que só depois de tê-la feito pode morrer.
Para os médicos está presente em comportamentos como: “Se eu não
posso curar, quero pelo menos ajudá-lo a ter uma qualidade de morte, tentar
realizar o que ele deseja” (Tibério - 3ºano/5º período).
É importante salientar que nos nossos achados nem sempre é
possível relacionar a atitude referida acima como sentimentos de barganha.
Em algumas situações, o discurso mencionado se refere ao ingresso no
último estágio, à aceitação de que seu paciente (do médico) também morre
e que existem possibilidades terapêuticas quando se tem o cuidado como
tarefa da medicina. Aqui vamos ter a presença dos desejos e dificuldades
em comunicar e envolver-se para proporcionar uma qualidade de morte ao
paciente.
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Quarto estágio – depressão, tristeza. O paciente não pode mais negar
sua morte, nem rebelar-se contra ela, então entra em cena o sentimento de
perda. É uma fase preparatória para a seguinte, que nos casos dos médicos