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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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séculos. Sayd (1993) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> em seus estu<strong>do</strong>s que a proibição, além <strong>de</strong><br />

vigorar já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algumas escolas gregas (nunca foi imposição específica da<br />

Igreja Católica), não era impedimento real para estu<strong>do</strong>s anatômicos: sempre<br />

houve permissão para se violar os corpos <strong>de</strong> criminosos con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s à<br />

morte, por exemplo, e estes sempre foram disseca<strong>do</strong>s. As dissecações eram<br />

espetáculos públicos e existem inumeráveis gravuras com cenas <strong>de</strong><br />

dissecação em diversas épocas. A verda<strong>de</strong> é que a medicina podia dissecar<br />

e produzir mapas anatômicos à vonta<strong>de</strong>, mas não o fez até o Renascimento,<br />

quan<strong>do</strong> Vesalius (1514-1564) produziu seu livro De humani corporis fabrica,<br />

repleto <strong>de</strong> ilustrações provenientes <strong>de</strong> suas dissecções. Podia-se dissecar,<br />

mas não se ousava contradizer a tradição. O livro <strong>de</strong> Vesalius, apesar <strong>de</strong><br />

sua gran<strong>de</strong> importância e precisão, não provocou nenhuma revolução<br />

médica imediatamente, mas continha o gérmen <strong>do</strong> olhar mo<strong>de</strong>rno, que teria<br />

importantes conseqüências. Foi no Iluminismo que se <strong>de</strong>bruçou sobre o<br />

corpo, para tentar <strong>de</strong>screvê-lo perfeitamente. Esse movimento <strong>de</strong>scritivo<br />

culminou na obra <strong>de</strong> Morgagni, em 1761, De sedibus et causis morborum,<br />

on<strong>de</strong>, como importante novida<strong>de</strong>, procurava-se a se<strong>de</strong> das <strong>do</strong>enças nos<br />

órgãos (Sayd, 1993).<br />

Morgagni é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o pai da Anatomia Patológica, mas não foi o<br />

funda<strong>do</strong>r da medicina contemporânea - faltava ainda um elemento, que o<br />

raciocínio iluminista tinha dificulda<strong>de</strong> em vislumbrar: a relação, a<br />

correspondência, entre os acha<strong>do</strong>s das necrópsias, e a história, os sinais e<br />

sintomas, daqueles mesmos pacientes quan<strong>do</strong> vivos.<br />

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