A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

doentes, que dirá mortos. Dificuldade mencionada por participantes de todos
os períodos, mas bastante enfatizada entre os residentes.
O “acostumar-se” e a solidão do “sentir” – Seguir a rotina após o óbito
(Concepção 5)
Nossos estudantes afirmam que querem, após proporcionarem
qualidade de morte aos seus pacientes, seguir a rotina sem se paralisarem
diante da dor pela perda de seu paciente.
As ilustrações dos primeiros anos enfatizam o alcance do papel. Para
isso eles excluem qualquer sinal de dúvida do como fazer ou sinais de um
possível sofrimento pessoal.
211
“Enfim ela faleceu, a família que estava presente demonstra
sofrimento, declaro minhas condolências, e sigo para o
encontro do meu próximo paciente. E então retorno ao
trabalho, pois tudo isso já faz parte dele.” [Fragmento de
cena – Tibério - 3º ano/ 5º período]
A partir do quarto ano, as dúvidas são expostas, o questionamento
sobre o debruçar-se sobre o acontecimento ou seguir rapidamente para a
rotina é realizado, como ilustra o fragmento:
“E eu? Como fico a partir daí? Paro um pouco e sento no
banco para pensar, vou fazer um lanche, ou
simplesmente vou ao próximo paciente? Acho que a cada
dia vou ter que aprender um pouquinho mais, até saber bem
o que fazer. Bem, e a vida continua...” [Fragmento de cena –
Fernanda - 4º ano/ 8º período]