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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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voltarei nele.” [Fragmento <strong>de</strong> “cena” – Cecília - 5º ano/ 10º<br />

perío<strong>do</strong>].<br />

Para Watzlawick (1967), são três as possibilida<strong>de</strong>s comunicacionais:<br />

confirmação, rejeição e <strong>de</strong>squalificação. As duas primeiras, por não gerarem<br />

inseguranças, são consi<strong>de</strong>radas formas mais saudáveis <strong>de</strong> comunicação.<br />

As perguntas sem respostas, as respostas irônicas e/ou o choro<br />

silencia<strong>do</strong>, como é o caso <strong>do</strong>s fragmentos <strong>de</strong> “cenas” referidas,<br />

respectivamente, pelos alunos <strong>do</strong> terceiro e <strong>do</strong> quinto ano, evi<strong>de</strong>nciam a<br />

situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo e não-acolhimento <strong>do</strong> ser <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente; representam<br />

ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma lógica instrumental que, para tentar eliminá-lo, lança<br />

mão <strong>de</strong> um discurso <strong>de</strong>squalifica<strong>do</strong>r.<br />

A <strong>de</strong>squalificação presente nos fragmentos implica comunicar <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> que invali<strong>de</strong> a comunicação própria ou a <strong>do</strong> outro. Abrange<br />

<strong>de</strong>clarações contraditórias, incoerências, ironias, mudança brusca <strong>de</strong><br />

assunto, maneirismos, tangencializações, interpretações errôneas. Enfim,<br />

causa ruí<strong>do</strong> à comunicação e reflete a dificulda<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>sinteresse <strong>do</strong><br />

emissor em se comprometer com algo que <strong>de</strong>ve comunicar.<br />

Muitas vezes, acontecimentos como o exemplifica<strong>do</strong> no último<br />

fragmento são <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>squalificatória <strong>de</strong> “pitis”. Fatos<br />

que <strong>de</strong>monstram o quanto a institucionalização da <strong>do</strong>ença pelo médico<br />

provocou uma <strong>de</strong>sconfiança ou não-reconhecimento <strong>do</strong> sofrimento <strong>do</strong><br />

paciente. Eles só conseguem enxergar a expressão <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença <strong>do</strong>s<br />

órgãos (Koifman, 2001). Uma abstração típica da objetivida<strong>de</strong> positivista,<br />

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