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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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diálogo entre médico e paciente e o conseqüente alcance <strong>de</strong> um bom<br />

acompanhamento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> morte.<br />

199<br />

Os conflitos vivencia<strong>do</strong>s pelos estudantes e médicos, diante <strong>de</strong> ter<br />

que dar a notícia ruim, não dizem respeito apenas a conflitos solucionáveis<br />

(ainda que parcialmente) a partir <strong>do</strong> plano biomédico, mas da singularida<strong>de</strong><br />

existencial daquele indivíduo e seus familiares. Este é o aspecto em que<br />

eles se encontram <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s, não prepara<strong>do</strong>s.<br />

Consiste em um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio inserir na realida<strong>de</strong> da pressa, <strong>do</strong><br />

tempo, das rotinas, <strong>do</strong> ritmo, a escuta e a acolhida que as notícias ruins<br />

requerem para sua transmissão (Kóvacs, 2003, p. 118). Diante <strong>de</strong>las, é<br />

comum o temor das reações <strong>do</strong>s pacientes por parte <strong>do</strong>s médicos. Afinal,<br />

como recorda Pereira (2005, p. 173), “frente às notícias ruins, aspectos <strong>do</strong><br />

paciente morrem. Sejam planos, projetos, aspiração, convicções, certezas,<br />

dúvidas ou posições sociais”.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, uma comunicação também possui o efeito <strong>de</strong> requerer<br />

providências por parte <strong>do</strong>s pacientes. É por meio <strong>de</strong> um diálogo aberto que<br />

se po<strong>de</strong> falar e ouvir sobre o tratamento, sobre medidas <strong>de</strong> prolongamento<br />

da vida e <strong>de</strong>sejos a serem atendi<strong>do</strong>s antes da morte. O paciente vai po<strong>de</strong>r<br />

lidar com suas situações inacabadas, rever suas priorida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong> participar<br />

das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> sua própria vida e morte, como ocorreu nas “cenas”. Fosse<br />

por meio <strong>de</strong> uma comunicação mais direta, como na cena <strong>de</strong> Clara (“Explicar<br />

o que ainda po<strong>de</strong> ser feito... quem ele quer que esteja próximo...”) ou em<br />

uma comunicação indireta, cujo efeito perlocucionário apontava o fim, por<br />

exemplo na “cena” <strong>de</strong> Sofia (6º ano/ 2º perío<strong>do</strong>), quan<strong>do</strong> ela relatou: “Apertei

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