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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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emocionalmente com o paciente” e não a proposição relativizada “não po<strong>de</strong><br />

se envolver muito”, conforme abordamos no capítulo anterior.<br />

188<br />

A narrativa insinua cuida<strong>do</strong>s com o conforto físico e <strong>de</strong>staca também<br />

a comunicação, que por sua vez é bastante confusa. O médico da cena<br />

afirma inicialmente fornecer o “básico” sobre o paciente, <strong>de</strong>pois diz dar<br />

claramente “o diagnóstico” para o interessa<strong>do</strong>, e em seguida afirma que a<br />

família sabe <strong>do</strong> “real prognóstico”.<br />

Quan<strong>do</strong> o médico informa o “básico”, estaria falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> diagnóstico,<br />

mas sem referência à iminência da morte <strong>do</strong> paciente? Ao se referir aos<br />

familiares que chamou <strong>de</strong> “interessa<strong>do</strong>s”, estaria insinuan<strong>do</strong> que estes, por<br />

sua vez, não estão “negan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença”, motivo pelo qual conseguiriam<br />

saber a verda<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> ele (médico) ter fala<strong>do</strong> apenas sobre o<br />

diagnóstico? Portanto, saberiam sobre o prognóstico a partir <strong>do</strong> efeito<br />

perlocunionário possibilita<strong>do</strong> pelo conhecimento <strong>do</strong> diagnóstico? Saber <strong>do</strong><br />

prognóstico é incompatível com reações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero?<br />

Talvez sim, por parte <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>seja que as emoções não sejam<br />

expostas, ou seja, que “o caráter inconsolável <strong>de</strong> uma notícia ruim” (Pereira,<br />

2005, p. 177) não seja explicita<strong>do</strong>.<br />

A cena termina com o médico fornecen<strong>do</strong> explicações técnicas<br />

(comunicação instrumental), a família compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> e aceitan<strong>do</strong> a<br />

situação, sem <strong>de</strong>sespero.<br />

É oportuno comentar que, no momento da discussão da “cena” na<br />

oficina, ficou claro que o “básico” menciona<strong>do</strong> não se referia à morte, que o<br />

contato com o paciente sobre esse assunto foi evita<strong>do</strong> e que, diante <strong>do</strong>

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