A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

estabelecidos (ou à legitimidade das normas pressupostas). No plano da
verdade, as proposições acerca do mundo objetivo são tidas ou não como
verdadeiras. No plano da sinceridade, os proferimentos são ou não são
expressões subjetivas autênticas. Pode faltar sinceridade ou inautenticidade
por distúrbios sistemáticos da comunicação em relação à intenção e/ou
posição subjetiva do falante.
Já nas ações manifestamente estratégicas, as pretensões de validade
são minadas. As condições de validade normativas são substituídas por
sanções, ameaças, e a busca do efeito perlocucionário (muitas vezes não
explícito) é que prevalece.
É oportuno registrar que, diante desse referencial, alguns
questionamentos passaram a fazer parte da nossa reflexão, exigindo a
ampliação do nosso olhar e do nosso caminhar.
Em que medida o aprendizado dos estudantes em relação à morte
ocorre de forma acidental (efeito perlocucionário) ou faz parte de uma
motivação normatizada na formação médica?
A partir dos discursos dos estudantes e amparados na teoria da ação
comunicativa, buscamos:
— compreender o significado das ações estratégicas e/ou
comunicativas que permeiam a formação médica;
— identificar os movimentos de interdição e/ou superação de um
discurso/prática na construção de um ”ser médico”, que no lidar
com a morte de um paciente seja capaz de aliar a tecnociência
médica a dimensões do cuidar.
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