A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

modelo por excelência da medicina científica (Deslandes, 2004, p. 12);
incapaz de considerar o doente de forma integral em todo o seu ser.
Trata-se de uma normalidade morfo-funcional, própria do plano
tecnocientífico que caracteriza a medicina desde a modernidade (Luz, 1988),
promovendo muitas vezes uma impossibilidade comunicacional instituída e,
por vezes, uma violência simbólica, pelo não-reconhecimento das reais
demandas do paciente, que é silenciado e visto apenas como um corpo
doente.
O efeito perlocucionário nessas situações geralmente é uma relação
ruim entre médico e paciente, conforme demonstrado nos fragmentos – uma
não-adesão ao tratamento e à figura do médico, expressas nos discursos:
“Espero nunca mais precisar deles, brincaram com meu sofrimento” e
“Jamais voltarei nele”.
As falas dos estudantes/residentes são capazes de demonstrar a
relação dialética existente entre desumanização, (in)comunicação e relação
médico-paciente, presentes não somente no imaginário, mas no cotidiano da
prática médica e do ensino médico.
É possível resumir e agrupar as respostas encontradas quanto à
concepção de “ser médico”, exploradas nas entrevistas e oficinas, afirmando
que o médico desejado ou idealizado pelos estudantes /residentes desta
pesquisa apresentam os seguintes atributos: conhecimento técnico e
conhecimento humanístico, que por sua vez implica desenvolver
disposições ou habilidades humanísticas, competências
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