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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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Algumas das cenas reais:<br />

não-médicos) que, ao ver o paciente pela primeira vez, chora<br />

e acaricia sua testa (e, em sua mente, Johnny grita, ao sentir<br />

as lágrimas cain<strong>do</strong> em seu corpo: ’que bom, você não tem<br />

nojo <strong>de</strong> mim’. Num outro momento, Johnny tem um sonho<br />

erótico, fica excita<strong>do</strong> (seu pênis fica ereto), a enfermeira não<br />

enten<strong>de</strong> por que ele se <strong>de</strong>bate, procura o motivo retiran<strong>do</strong> as<br />

cobertas, o vê excita<strong>do</strong> e o masturba. Depois, ainda por<br />

resolução <strong>de</strong>la, aparentemente sem motivo algum, ou sem<br />

lógica alguma, a não ser a lógica <strong>de</strong> seu sentimento, a<br />

enfermeira escreve com a ponta <strong>de</strong> um <strong>de</strong><strong>do</strong> a expressão<br />

‘Merry Christmas’ no peito <strong>do</strong> paciente. Este compreen<strong>de</strong> a<br />

mensagem, acena com sua cabeça que compreen<strong>de</strong>u e, em<br />

sua mente, grita <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> e agra<strong>de</strong>ce comovi<strong>do</strong> à<br />

enfermeira. Perseguin<strong>do</strong> um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> se comunicar com ’os<br />

<strong>de</strong> fora’, como os <strong>de</strong>nomina, Johnny <strong>de</strong>scobre que po<strong>de</strong> usar<br />

o código Morse e começa a ‘telegrafar’ mediante movimentos<br />

<strong>de</strong> sua cabeça. A enfermeira observa, não enten<strong>de</strong> o que<br />

está haven<strong>do</strong>, mas percebe que ele quer expressar algo e vai<br />

em busca <strong>de</strong> alguém que possa enten<strong>de</strong>r <strong>do</strong> que se trata.<br />

Assim ocorre, vem os médicos, o capelão, o telegrafista<br />

(anos haviam-se passa<strong>do</strong>; percebemos isto pelo<br />

envelhecimento <strong>do</strong> médico que o operava, o qual quer o autor<br />

tenha representa<strong>do</strong> casual ou intencionalmente, usa<br />

muletas). Percebem que ele está tentan<strong>do</strong> se comunicar. O<br />

telegrafista, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o código, pergunta-lhe, ‘telegrafan<strong>do</strong>’<br />

em sua testa, o que <strong>de</strong>seja. Ele respon<strong>de</strong> que quer po<strong>de</strong>r ser<br />

útil, quer po<strong>de</strong>r ganhar sua vida e que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conseguir<br />

isto seria sen<strong>do</strong> exibi<strong>do</strong> em praça pública, sen<strong>do</strong> uma<br />

espécie <strong>de</strong> atração circense: o homem sem braços, sem<br />

pernas, sem olhos, sem ouvi<strong>do</strong>s, sem boca, sem nariz, mas<br />

que pensa e sente. E isto para que to<strong>do</strong>s possam ver a<br />

tragédia que a guerra po<strong>de</strong> causar a um ser humano. A junta<br />

<strong>de</strong> médicos e militares lhe diz que ‘infelizmente, isso não é<br />

possível’. Ele retruca que, se é assim, se não vão permitir<br />

que ele saia, ele prefere que o matem e repete<br />

insistentemente: ’matem-me, matem-me’. Eles saem e o <strong>de</strong><br />

patente superior <strong>de</strong>termina que o ocorri<strong>do</strong> não seja divulga<strong>do</strong><br />

a quem quer que seja. A enfermeira, novamente a sós com<br />

Johnny, resolve aten<strong>de</strong>r seu pedi<strong>do</strong>, e choran<strong>do</strong>, obstrui o<br />

tubo <strong>de</strong> oxigênio. O referi<strong>do</strong> superior retorna ao quarto,<br />

<strong>de</strong>sobstrui o tubo, expulsa a enfermeira, fecha as janelas,<br />

seda o paciente, sai e fecha a porta. Johnny fica sozinho no<br />

quarto, sonolento pela medicação e, no entanto, apesar <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> o seu <strong>de</strong>sespero, continua ‘telegrafan<strong>do</strong>’ um pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ajuda: S.O.S... S.O.S... (Relato <strong>do</strong> filme Johnny vai à guerra,<br />

<strong>do</strong> diretor Dalton Trambo, basea<strong>do</strong> em romance escrito por<br />

ele em 1939, filma<strong>do</strong> em 1973).<br />

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