A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

Durante a oficina, a discussão ficou em torno do quanto dizer ao
paciente. Questionaram sobre dar esperanças e iludir, sem concluírem onde
estaria a diferença. Apesar dos conflitos expostos, eles afirmavam que
sempre conversam com seus pacientes, embora admitam não terem tido
preparo em sua formação para isso.
Corroboramos Souza (2001, p. 89), quando assinala:
207
Se tomamos o conhecimento das doenças como o único e
necessário saber para o exercício da medicina, isso limitará e
inibirá o médico e seus aprendizes de viver de modo criativo
a tensão doente/doença inerente à clínica, lançando mão de
sua humanidade comum que enlaça médicos e pacientes.
Dessa forma, a distância entre intenção e gesto no proporcionar
qualidade de morte aos pacientes, mais do que um paradoxo, poderá vir a
ser uma regra.
Desejos e dificuldades do “estar junto” – Ficar até o fim (Concepção 4)
Ficar até o fim significa não evitar estar presente quando a situação
se apresenta; significa principalmente permanecer dispensando cuidados
físicos e emocionais (e espirituais, se for o caso). Ser capaz de acatar a
potência presente no “estar junto” diante de um paciente à morte.
Apenas dois residentes, uma aluna do sexto ano e uma aluna do
quinto, já presenciaram a morte de um paciente, e apenas os residentes
tiveram a oportunidade de acompanhar enquanto médicos. Apenas os
alunos do primeiro, segundo e terceiro anos citam na elaboração das cenas