A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

Depois de apresentar as concepções que emergem dos discursos dos
estudantes/residentes de medicina em torno do “ser médico”, da morte e do
papel do médico no enfrentamento do processo de morte de seus pacientes,
descrevendo como as aspirações são compartilhadas por períodos, vamos
responder a outras indagações também baseadas na interpretação do
discurso, cuja referência é o plano analítico proposto por Habermas (1996):
as concepções encontradas sofreram modificações ao longo da formação
médica? São concepções compartilhadas pela instituição formadora?
Segundo Habermas (1996), a correção normativa está vinculada à
idéia de interação como o encontro orientado para um mesmo objetivo.
Nesse caso, ambas as partes superam suas perspectivas e vinculam seus
interesses, uma vez que são guiados por valores comuns e reconhecem
obrigações recíprocas.
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No entanto, o mesmo não se verifica integralmente em relação à
instituição formadora. As respostas à pergunta sobre possíveis modificações
sofridas em suas concepções durante o curso e os comentários referentes
ao entendimento dos estudantes/residentes quanto à contribuição do ensino
médico para o alcance do modelo idealizado apontam um compartilhamento
parcial dos valores.
As falas a seguir exemplificam essa questão:
“São seis anos de uma coisa que você geralmente entra
jovem, então assim é um momento que ele tá totalmente
maleável. A gente nota muito isso, as pessoas vão se
transformando ao longo do curso. Então muitas pessoas
chegam com outros olhos e não como são hoje, mais
prepotentes, com mais preconceitos, assim, não digo
preconceito racial essas coisas, mas bem mais distantes