A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

alegrias, compartilhadas por um guia intelectual e existencial que de alguma
forma sempre esteve ao lado. Já se mantinha um diálogo teórico catalisado
por temas como aids e juventude, que pode ser materializado a partir do
período do mestrado, quando nos conhecemos; tratava-se agora de outro
caminho a ser trilhado, mesmo que tangencialmente inspirado nas vivências
também em torno da Aids. No entanto alguns outros móveis nos
aproximavam, como por exemplo, o cuidado e a humanização das práticas
de saúde, dentre outros. A questão da morte na formação médica era
trazida, foi cultivada e abraçada.
A autora, que tanto gosta de cultivar flores, realiza parte do caminho
de fermentação da sua tese entre as flores da avenida Dr. Arnaldo, as flores
que enfeitam a vida e acompanham a morte. De um lado, a Faculdade de
Medicina da USP e o Hospital Emílio Ribas; do outro, o Cemitério do Araçá e
as bancas de flores.
Vida e Morte no centro do percurso do trabalho e da própria
existência, mobilizando o desejo de contribuir para gerar outra realidade
para a formação médica, em que a relação médico-paciente seja menos
fraturada, menos “desumana”.
Afinal, é conhecido o fato de que a formação médica tem-se
preocupado ativamente com os novos, eficazes e elaborados procedimentos
técnicos de manutenção da vida humana. Contudo, no que diz respeito ao
enfrentamento da situação de sofrimento existencial do paciente que se
encontra nos limites entre a vida e a morte, parece faltar à devida orientação
ao estudante de medicina e ao médico. Muitas vezes, este se afasta, se
7