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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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Os estudantes apren<strong>de</strong>m a regra número 1, sob forte coerção<br />

discursiva: <strong>de</strong>vem isolar as emoções para conquistarem o lugar <strong>de</strong> médicos.<br />

Exorcizar o sentir e o pensar na morte torna-se preciso. “Assim ele apren<strong>de</strong><br />

a impedir a conscientização da própria mortalida<strong>de</strong>” (Castro, 2004, p. 41).<br />

Eizirik (2000, p. 52) conclui:<br />

185<br />

Então, para que não se torne insuportável lidar com <strong>do</strong>enças<br />

e morte, lançamos mão <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa bastante<br />

úteis – como o humor e a negação - mas que, por outro la<strong>do</strong>,<br />

po<strong>de</strong>m nos tornar resistentes a sentir empatia pelos nossos<br />

pacientes.<br />

Entretanto, os alunos e resi<strong>de</strong>ntes entrevista<strong>do</strong>s acentuam o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> promover qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> morte aos seus pacientes, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

alcançarem um envolvimento equilibra<strong>do</strong> na relação com eles, cuja<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação evi<strong>de</strong>ncie o tipo <strong>de</strong> médico humano na <strong>do</strong>ença<br />

e na morte, por eles almeja<strong>do</strong>.<br />

É interessante observar, na <strong>de</strong>scrição das “cenas”, a maneira<br />

encontrada por eles para “resolverem”, em parte, como se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem <strong>do</strong><br />

sofrimento <strong>do</strong> paciente sem serem <strong>de</strong>sumanos. As narrativas revelam uma<br />

i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> seus pacientes e suas famílias no que diz respeito à<br />

expressão <strong>do</strong>s sentimentos. Fato que facilitaria por si só a aproximação <strong>do</strong><br />

médico. Ou seja, os pacientes e familiares, apesar <strong>do</strong> sofrimento e tristeza,<br />

estão calmos, serenos, sem elementos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero e aceitan<strong>do</strong> a morte.<br />

As diversas “cenas” que apresentaremos ao longo <strong>de</strong>ste capítulo<br />

ilustrarão essa observação. No momento traremos uma das únicas “cenas”<br />

(tivemos duas) em que se acentuam momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero <strong>do</strong> paciente:

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