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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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Temos a morte fundan<strong>do</strong> a clínica, e a partir <strong>de</strong> então o referencial da<br />

clínica médica passa a ser a <strong>do</strong>ença e a lesão, isto é, o objetivo <strong>do</strong> médico é<br />

i<strong>de</strong>ntificar a <strong>do</strong>ença e sua causa. Basta remover a causa para que haja a<br />

cura da <strong>do</strong>ença. Doença e lesão estabelecem uma relação <strong>de</strong> co-<br />

<strong>de</strong>pendência, uma necessita da outra para existir (Camargo Jr 1992). O<br />

mo<strong>de</strong>lo básico <strong>do</strong>s pressupostos <strong>do</strong> saber-fazer médico está pronto: a teoria<br />

das <strong>do</strong>enças. E, com o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cadáveres, promove-se o início <strong>do</strong><br />

mecanismo dissociativo que começa entre peças e corpos anatômicos,<br />

<strong>do</strong>ente e <strong>do</strong>ença e, muitas vezes no futuro, entre médicos e pacientes. Em<br />

nome da racionalida<strong>de</strong> científica mo<strong>de</strong>rna se exclui a subjetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>ecimento e relega-se o universo subjetivo <strong>do</strong> sofrer.<br />

Nessa direção, Kovács (2003) enfatiza que, durante a disciplina <strong>de</strong><br />

Anatomia, no início <strong>do</strong> curso médico, a <strong>do</strong>ença e a morte são<br />

<strong>de</strong>scaracterizadas, e os futuros médicos entram em contato com a morte<br />

<strong>de</strong>spersonalizada, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> reprimir qualquer sensação <strong>de</strong> repulsa, nojo ou<br />

<strong>de</strong>sespero.<br />

Por sua vez, Zaidhaft (1990, p.143), refletin<strong>do</strong> sobre o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

cadáveres, <strong>de</strong>staca:<br />

146<br />

Por seu <strong>de</strong>samparo e passivida<strong>de</strong>, o cadáver permite aos<br />

alunos experimentar a sensação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r absoluto. A relação<br />

mantida com o cadáver é registrada e se torna a relação<br />

i<strong>de</strong>al, que será buscada anos <strong>de</strong>pois no encontro com os<br />

paciente.<br />

O estu<strong>do</strong> da anatomia ensina e estimula mediante exemplos,<br />

mimetismos e discursos, como reprimir e distanciar emoções, sentimentos e

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