A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Resumo<br />
Silva GSN. A construção <strong>do</strong> <strong>“ser</strong> <strong>médico”</strong> e a morte: significa<strong>do</strong>s e<br />
implicações para a humanização <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>. [tese]. São Paulo: Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo; 2006. 276p.<br />
A partir da narrativa <strong>de</strong> médicos em processo <strong>de</strong> formação, buscou-se<br />
compreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> <strong>“ser</strong> médico“ e sua relação com o<br />
fenômeno da morte, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigar em que medida essa<br />
relação contribui para promover o distanciamento entre as tecnociências<br />
médicas e os processos dialógicos <strong>do</strong> cuidar no cotidiano da prática médica.<br />
Realizou-se uma pesquisa qualitativa com estudantes <strong>de</strong> medicina da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte, escolhi<strong>do</strong>s entre to<strong>do</strong>s os<br />
perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> formação (<strong>do</strong> primeiro ano à residência médica). A<br />
Fenomenologia Existencial, a Hermenêutica Gadameriana e a Teoria da<br />
Ação Comunicativa, <strong>de</strong> Habermas, constituem a base filosófica <strong>do</strong> trabalho<br />
<strong>de</strong> produção e interpretação das narrativas. Para a produção das narrativas<br />
foram combinadas duas estratégias tecno-meto<strong>do</strong>lógicas: entrevistas em<br />
profundida<strong>de</strong> com roteiro e oficinas com utilização <strong>de</strong> “cenas” projetivas,<br />
objetivan<strong>do</strong> maior profundida<strong>de</strong> e segurança na análise interpretativa. Os<br />
resulta<strong>do</strong>s foram agrupa<strong>do</strong>s em sete categorias temáticas: 1) Concepções<br />
sobre <strong>“ser</strong> <strong>médico”</strong>; 2) Concepções sobre a Morte; 3) Concepções <strong>do</strong>s<br />
estudantes/resi<strong>de</strong>ntes sobre o enfrentamento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> um<br />
paciente; 4) Abordagem da morte; 5) Anatomia e a iniciação médica; 6) O<br />
encontro com a morte encenada; 7) Desejos <strong>de</strong> mudanças na educação<br />
médica. As análises e reflexões <strong>de</strong>senvolvidas apontam que o <strong>“ser</strong> <strong>médico”</strong><br />
compreen<strong>de</strong> o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ser um bom médico, o que significa ser técnico e<br />
humano na <strong>do</strong>ença e na morte. Apesar <strong>de</strong> inseri<strong>do</strong>s em uma cultura social e<br />
institucional <strong>de</strong> negação da morte, os entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram<br />
sensibilida<strong>de</strong> à re-humanização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> morrer. Essas concepções<br />
também estão presentes na proposta <strong>do</strong> currículo novo, mas encontra<br />
tensões diante <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo biomédico em que estão ancora<strong>do</strong>s. A iniciação<br />
na Anatomia <strong>de</strong>fine um tipo <strong>de</strong> percurso a ser trilha<strong>do</strong>, basea<strong>do</strong> na<br />
expropriação da subjetivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o distanciamento das emoções é a<br />
garantia <strong>do</strong> conhecimento objetivo. A prescrição <strong>do</strong> não envolvimento é<br />
a<strong>do</strong>tada, e convive com sinais <strong>de</strong> relativização (não se envolver muito),<br />
quan<strong>do</strong> o horizonte almeja<strong>do</strong> é a humanização da prática médica, que, por<br />
sua vez, prescreve uma boa comunicação com o paciente à morte. Os<br />
estudantes e resi<strong>de</strong>ntes transitam entre os <strong>do</strong>is cenários, com escassos<br />
mo<strong>de</strong>los, poucas experiências para nominar e lidar com a morte, e muitos<br />
para<strong>do</strong>xos. No seu encontro com o paciente à morte, esse cuida<strong>do</strong>r se<br />
<strong>de</strong>para com as dificulda<strong>de</strong>s para não promover a distância entre intenção e<br />
gesto em suas interações. Reclamam por uma formação médica capaz <strong>de</strong><br />
re-juntar razão e emoção; médico e paciente; técnica e cuida<strong>do</strong>; vida e<br />
morte. O trabalho sugere por fim, o aprofundamento na direção da Ontologia<br />
Existencial, da Hermenêutica – Filosófica, e da Razão Comunicativa como<br />
caminhos para um a<strong>de</strong>nsamento conceitual capaz <strong>de</strong> contribuir para validar