A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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da subjetividade, cujos discursos coercitivos utilizados diariamente – “se ficar sofrendo você larga a medicina”. Portanto, “Cuidado, não vá se envolver muito” e “Conte a verdade, mas não vá ficar sofrendo junto” apresentam como efeito perlocucionário um constante aprendizado de negação dos sentimentos, da dimensão simbólica e existencial da morte. É fato, como foi abordado, que esse contexto convive com um outro, cujo horizonte de desejos em relação à morte humanizada reclama por mudanças no universo do saber-fazer médico, na formação médica. Envolver-se com equilíbrio e comunicar a notícia ruim, mais do que proposições a serem alcançadas no tornar-se médico, são demandas existenciais e simbólicas entre uma pessoa que sofre e outra que se dispõe a ajudar. Vai sempre existir um encontro entre o saber médico e o sofrimento possibilitado pela doença ou morte (paciente). Ainda que não explicitados, esses domínios vão sempre se encontrar (Schraiber, 1993), embora saibamos que eles podem não se contemplar, não se olhar, passar indiferentes à dor do outro, como nos alertou Gadamer (1993), referindo-se ao olhar contemplativo e “puro” da teoria, de uma verdade voltada para abstração e longe da singularidade. Os filhos de Esculápio poderão sucumbir ante a destinação prometéica ou lutarão para enfrentar a proximidade e o diálogo com o outro e consigo mesmo. E o poeta nos lembra que as verdades podem ser encontradas também no escuro das cavernas; não apenas fora delas, distante de nós, está a luz. A cada um carece optar. 173
6 DIALOGANDO III: O SER MÉDICO E A MORTE - QUANDO A PRÁTICA QUEIMA OS DEDOS Senhoras e Senhores Trago Boas Novas Eu vi a cara da morte E ela estava viva Eu vi a cara da morte E ela estava – viva! Cazuza Neste plano analítico, o que está em foco são as experiências dos alunos e residentes em relação ao papel do médico no processo de morte de um paciente ao longo da formação médica. À luz das concepções que eles compartilham, sobre tal enfrentamento e das orientações assimiladas no ensino médico, indagamos: como acontecem as interações intersubjetivas perante a morte de um paciente? São coerentes com o ideal almejado por eles? A propósito desse plano analítico, procuraremos responder, no decorrer deste capítulo, duas questões: como os entrevistados percebem as interações intersubjetivas norteadoras (professor/aluno; aluno/aluno; professor/paciente; aluno/paciente; aluno/parentes dos pacientes) experimentadas ao longo da formação médica no enfrentamento do processo de morte? Como avaliam sua participação nessas interações, quanto à formação, expressão e realização de seus próprios valores, interesses e afetos relacionados com a experiência da morte na prática médica?
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GEÓRGIA SIBELE NOGUEIRA DA SILVA A
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Dedicatória Gustavo Negreiros. Cad
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Gadamer HG. Verdade e Método I. Pe
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Schraiber LB. O médico e seu traba
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Apêndice Apêndice 1 UNIVERSIDADE
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Apêndice 3 Aprovação do projeto
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