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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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simplicida<strong>de</strong> contida num olhar humano, capaz por ele mesmo, <strong>de</strong><br />

aproximar.<br />

Assim, nossa incursão no terreno da formação médica ganhou<br />

contornos mais fortes e foi-se impon<strong>do</strong> à reflexão. Partimos <strong>do</strong> pressuposto<br />

<strong>de</strong> que compreen<strong>de</strong>r a relação <strong>do</strong> estudante <strong>de</strong> medicina com a morte em<br />

sua formação po<strong>de</strong> nos ensinar sobre a relação médico-paciente, para além<br />

das relações com pacientes terminais, e <strong>de</strong> que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazermos<br />

outro percurso passa também pela clareza em torno <strong>do</strong> caminho percorri<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> nos encontrávamos próximos ao exame <strong>de</strong> qualificação, duas<br />

novas cenas, originadas <strong>de</strong> uma vivência pessoal da autora, vieram reforçar<br />

a convicção acerca da urgência <strong>de</strong> se <strong>de</strong>bruçar sobre a temática <strong>de</strong>ste<br />

estu<strong>do</strong>. São falas <strong>de</strong> <strong>do</strong>is médicos consulta<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> um diagnóstico<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>de</strong> pulmão recebi<strong>do</strong> por um amigo-irmão da autora, na<br />

ocasião em sua companhia. Apesar <strong>do</strong> caráter <strong>do</strong>loroso das cenas e <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senrolar <strong>do</strong>s acontecimentos, ao contrário <strong>de</strong> interromper o <strong>de</strong>lineamento<br />

<strong>do</strong> caminho da pesquisa, eles vieram trazer sustentação ao conhecimento<br />

explora<strong>do</strong>. Enten<strong>de</strong>-se que esse caminho, para ser sustenta<strong>do</strong>, precisa estar<br />

a serviço da vida e ser construí<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> nietzscheano, ou seja, é<br />

preciso “constantemente parir nossos pensamentos <strong>de</strong> nossa <strong>do</strong>r e<br />

maternalmente transmitir-lhes tu<strong>do</strong> o que nos atinge”.<br />

Eis as cenas:<br />

13<br />

“O caso <strong>de</strong>le é grave, muito grave! Não se po<strong>de</strong> viver sem<br />

cabeça, coração e pulmão. É tipo 4, quase 5, não vou<br />

enganar! É muito grave, mas vamos começar a<br />

quimioterapia. Está aqui tu<strong>do</strong>. Passem na recepção que a<br />

aten<strong>de</strong>nte orienta vocês para a autorização” [Médico<br />

1/Ago/2005]

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