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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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as <strong>do</strong>res existenciais <strong>do</strong>s pacientes, uma abertura a um autêntico ouvir o<br />

outro.<br />

O início <strong>do</strong> envolvimento com o outro e sua <strong>do</strong>r, ou a fuga <strong>de</strong>ste, se<br />

dá no encontro “face a face” <strong>do</strong>s humanos. O rosto <strong>do</strong> outro é enigma,<br />

mistério e também imediata responsabilida<strong>de</strong> (Lévinas, 1993).<br />

As “cenas” foram ricas em exemplos <strong>de</strong>sse encontro com o olhar <strong>do</strong><br />

outro, familiares ou pacientes. As comunicações silenciosas e o confortar<br />

aconteceram por meio <strong>de</strong> olhares. E, nesse encontro autêntico <strong>de</strong> seres<br />

humanos que se olham, tem-se a apreensão da responsabilida<strong>de</strong> ética. Dizia<br />

Clara: “Eu me sentiria preocupada, com uma responsabilida<strong>de</strong> maior <strong>do</strong> que<br />

eu posso arcar...” Ou Fernanda: “Fui ven<strong>do</strong> sua expressão mudar um pouco,<br />

o que me <strong>de</strong>ixou bastante aliviada. Ele então me <strong>de</strong>u um sorriso, bem<br />

discreto, apesar da tristeza em seu olhar...”. E Sofia, conclui: “Ele olha para<br />

mim, segura minha mão e pela primeira vez, em meio a tanta <strong>do</strong>r, ele me dá<br />

um sorriso. Nessa hora eu percebi que estava fazen<strong>do</strong> a coisa certa. Sorri<br />

para ele e <strong>de</strong>ssa forma ele também enten<strong>de</strong>u que eu fiz a minha parte”.<br />

As estudantes em questão ensaiaram situações em que foi possível<br />

realizar a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um encontro humano. Apesar <strong>de</strong> seus conflitos<br />

elas conseguem realizar relações que <strong>de</strong>sejariam para elas próprias<br />

enquanto pacientes.<br />

No caso <strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>ntes, os discursos e “cenas” narra<strong>do</strong>s são também<br />

ilustrativos da dificulda<strong>de</strong> em falar sobre a morte, bem como <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong><br />

racionalida<strong>de</strong> com que eles convivem durante o curso <strong>de</strong> formação médica.<br />

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Ou seja, em parte <strong>do</strong>s discursos (<strong>do</strong>is resi<strong>de</strong>ntes) observamos a presença

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