A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

presente entre os estudantes antes mesmo de ingressarem na escola
médica, fazendo parte do imaginário em torno do “ser médico”.
É interessante observar que nossos estudantes e residentes querem
aliar a promoção de qualidade de vida/morte aos pacientes e retornar à
rotina de seu trabalho sem marcas da presença da morte – demanda esta
dependente da legitimação ou não desses aspectos durante a formação
médica.
Rehumanizar o processo de morrer implica a presença de um médico
humanizado e capaz de dominar as próprias emoções em torno da morte –
afinal, “faz parte do trabalho dele”. “Com a cabeça pesada” ou “saindo
naturalmente”, ele seguirá compartilhando ou exorcizando suas dores.
Elias (1990) nos lembra que, diante do fenômeno da morte
medicalizada, as rotinas hospitalares fornecem o único meio para se
encontrar alguma estruturação social para a morte e o morrer. Rotinas essas
que favorecem a expropriação dos sentimentos dos indivíduos, já que não
existe um espaço coletivo para lidar com emoções no ambiente hospitalar. É
oportuno ressaltar que o hospital é o espaço prioritário de atuação e ensino-
aprendizagem do exercício da medicina, que no compartilhar de suas dores
ou no exorcismo delas constrói sua forma de lidar perante um paciente à
morte.
4.4 Compartilhando horizontes
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