A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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(adolescente – adulto jovem), importante fase de individuação que tem entre suas características esse movimento de abandonar posturas e atitudes anteriores e adquirir nova identidade pessoal e médica, momento em que estará particularmente sensível à influência de seus pares – colegas, e especialmente professores. (Zaidhaft, 1990; Eizirik, 2000). Postulam-se, então, como metas para a composição do ensino médico, medidas que permitam a identificação do estudante com profissionais claramente capazes de expressar e discutir seus sentimentos frente às situações de dor, sofrimento e morte. Sobretudo, buscam-se professores e preceptores mais simpáticos com seus pacientes, hábeis no sentir e em verbalizar suas experiências com as sensações geradas corriqueiramente, oferecendo ao acadêmico a vivência mais saudável, mesmo que ainda ansiogênica (Castro, 2004, p. 44). Diante da necessidade de discutir o tema da morte nas escolas médicas, várias propostas de criação de cursos para educadores vêm surgindo, sempre conduzidas por estratégias como cinema, psicodrama, role-playing, workshops – todas buscando retirar a impessoalidade do tema e encorajar o lidar com os próprios sentimentos (Atting, 1992; Coffman & Coffman, 1996; Kovács, 1999). O mestre Quíron é o ideal desejado exatamente por saber lidar com o próprio sofrimento e o do outro, conseguindo estar ao lado de seus discípulos e pacientes no adoecimento e na morte. 237
6.3 Quando a prática queima os dedos. A mensagem do Deus Hermes: cuidar da dor do cuidador 238 A voz é rouca e dorida e a distância tão penosa Quem sofre já não se espanta: cala e chora. Cecília Meireles A partir dos discursos dos estudantes/residentes de medicina sobre as percepções em relação às suas interações intersubjetivas no encontro da morte de um paciente ao longo da formação médica, e a avaliação desse processo, é possível responder a outra indagação, de acordo com o plano analítico inspirado em Habermas (1996): Essas interações são coerentes com o ideal de médicos que os estudantes perseguem? Não é apenas a voz do paciente que cala e chora a distância imposta pelo pensar instrumental que invadiu a prática médica. Os estudantes de medicina e os médicos são impedidos pelo horizonte morfofuncional que legitima essas práticas, de expressar e escutar a dimensão da intersubjetividade, de se aproximar do sofrer humano; são ensinados a calar a dor do outro e a sua. Mas há quem se espante e não cale. Os desejos revelados pelos entrevistados, de serem médicos técnicos e humanos na doença e na morte de seus pacientes, defendidos pelas novas diretrizes curriculares, buscam levantar vozes que promovam a ampliação desse horizonte formativo e transformem o encontro médico-paciente em cuidado, algo possível quando o horizonte é a humanização.
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GEÓRGIA SIBELE NOGUEIRA DA SILVA A
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Dedicatória Gustavo Negreiros. Cad
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