A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
94<br />
“O seu olhar foi profun<strong>do</strong>. Parece que por um segun<strong>do</strong> eu<br />
pu<strong>de</strong> ver sua alma. Não gostei. Foi <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>r. Pelo instante<br />
<strong>de</strong> um suspiro, sem uma palavra, senti toda a sua frustração<br />
e <strong>de</strong>rrota, me fazen<strong>do</strong> sentir incapaz. “Não cumpri meu<br />
<strong>de</strong>ver”. A partir daí ele já sabia o que eu tinha a lhe dizer...”<br />
[fragmento <strong>de</strong> “cena”/ Fernanda - 4º ano, 8º perío<strong>do</strong>].<br />
Castro (2004, p.39), abordan<strong>do</strong> a figura <strong>do</strong> médico assinala:<br />
Ser médico, mais que uma aspiração profissional, é carregar<br />
consigo séculos <strong>de</strong> diferentes simbologias. É humanamente<br />
característica a negação da inevitabilida<strong>de</strong> da morte. Des<strong>de</strong><br />
os primórdios, não há nada que traga mais aflição e<br />
sentimento <strong>de</strong> perda, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da experiência <strong>do</strong><br />
indivíduo, <strong>do</strong> que a morte. Nesse contexto, houve<br />
historicamente a necessida<strong>de</strong> da eleição <strong>de</strong> um<br />
representante social da rejeição da vulnerabilida<strong>de</strong> humana.<br />
Século após século, procurou-se por um <strong>de</strong>positário da<br />
limitação humana frente ao momento final da existência.<br />
Assim, o responsável pela cura, pela ligação com os <strong>de</strong>uses,<br />
pela fantasia <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> assumiu passivamente tal<br />
compromisso.<br />
Apesar <strong>de</strong> a maioria se consi<strong>de</strong>rar responsável pela cura <strong>do</strong> paciente,<br />
<strong>de</strong> assumir o papel <strong>de</strong> evitar a chegada da morte, os estudantes/resi<strong>de</strong>ntes<br />
também reconhecem, como parte <strong>do</strong> seu ofício, oferecer cuida<strong>do</strong>s físicos e<br />
emocionais ao paciente diante da morte. A procura por uma abordagem<br />
integral <strong>do</strong> paciente fica explicitada através <strong>do</strong>s outros papéis cita<strong>do</strong>s.<br />
Falcão e Lino (2004), em pesquisa realizada com estudantes <strong>do</strong><br />
primeiro e quinto ano, sobre como o tema da morte é aborda<strong>do</strong> na formação<br />
médica <strong>de</strong> uma faculda<strong>de</strong>, encontraram da<strong>do</strong>s semelhante no que diz<br />
respeito ao fato <strong>de</strong> os alunos estarem sensibiliza<strong>do</strong>s para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma abordagem integral ao processo <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> um paciente. No entanto,<br />
os aspectos cita<strong>do</strong>s em nosso estu<strong>do</strong>, quanto a permanecer até o fim com o