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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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“O seu olhar foi profun<strong>do</strong>. Parece que por um segun<strong>do</strong> eu<br />

pu<strong>de</strong> ver sua alma. Não gostei. Foi <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>r. Pelo instante<br />

<strong>de</strong> um suspiro, sem uma palavra, senti toda a sua frustração<br />

e <strong>de</strong>rrota, me fazen<strong>do</strong> sentir incapaz. “Não cumpri meu<br />

<strong>de</strong>ver”. A partir daí ele já sabia o que eu tinha a lhe dizer...”<br />

[fragmento <strong>de</strong> “cena”/ Fernanda - 4º ano, 8º perío<strong>do</strong>].<br />

Castro (2004, p.39), abordan<strong>do</strong> a figura <strong>do</strong> médico assinala:<br />

Ser médico, mais que uma aspiração profissional, é carregar<br />

consigo séculos <strong>de</strong> diferentes simbologias. É humanamente<br />

característica a negação da inevitabilida<strong>de</strong> da morte. Des<strong>de</strong><br />

os primórdios, não há nada que traga mais aflição e<br />

sentimento <strong>de</strong> perda, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da experiência <strong>do</strong><br />

indivíduo, <strong>do</strong> que a morte. Nesse contexto, houve<br />

historicamente a necessida<strong>de</strong> da eleição <strong>de</strong> um<br />

representante social da rejeição da vulnerabilida<strong>de</strong> humana.<br />

Século após século, procurou-se por um <strong>de</strong>positário da<br />

limitação humana frente ao momento final da existência.<br />

Assim, o responsável pela cura, pela ligação com os <strong>de</strong>uses,<br />

pela fantasia <strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> assumiu passivamente tal<br />

compromisso.<br />

Apesar <strong>de</strong> a maioria se consi<strong>de</strong>rar responsável pela cura <strong>do</strong> paciente,<br />

<strong>de</strong> assumir o papel <strong>de</strong> evitar a chegada da morte, os estudantes/resi<strong>de</strong>ntes<br />

também reconhecem, como parte <strong>do</strong> seu ofício, oferecer cuida<strong>do</strong>s físicos e<br />

emocionais ao paciente diante da morte. A procura por uma abordagem<br />

integral <strong>do</strong> paciente fica explicitada através <strong>do</strong>s outros papéis cita<strong>do</strong>s.<br />

Falcão e Lino (2004), em pesquisa realizada com estudantes <strong>do</strong><br />

primeiro e quinto ano, sobre como o tema da morte é aborda<strong>do</strong> na formação<br />

médica <strong>de</strong> uma faculda<strong>de</strong>, encontraram da<strong>do</strong>s semelhante no que diz<br />

respeito ao fato <strong>de</strong> os alunos estarem sensibiliza<strong>do</strong>s para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma abordagem integral ao processo <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> um paciente. No entanto,<br />

os aspectos cita<strong>do</strong>s em nosso estu<strong>do</strong>, quanto a permanecer até o fim com o

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