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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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da constatação <strong>de</strong> que o sofrimento <strong>do</strong> médico seria incompatível com o<br />

exercício da medicina. Aceita o mo<strong>de</strong>lo a ser introjeta<strong>do</strong>, afinal, quer ser<br />

médica. Retrata a busca por um equilíbrio nesse envolver-se.<br />

Em nossos acha<strong>do</strong>s, a prescrição absoluta “Não se envolver!” parece<br />

que vem sen<strong>do</strong> relativizada para “Não se envolver muito”, como afirmou uma<br />

aluna: “É raro mas aqui acolá tem um professor que diz para não se envolver<br />

<strong>de</strong> jeito nenhum, a maioria ta preocupada que agente não se envolva muito,<br />

mas não ensina como fazer né? A gente vê mesmo é muita frieza por aí”.<br />

Cabe <strong>de</strong>stacar que os estu<strong>do</strong>s anteriores <strong>de</strong> Concone (1983) e<br />

Zaidafht (1990) apontaram para a prescrição <strong>do</strong> não se envolver com o<br />

paciente como a condição primeira para tornar-se médico. Ocorre que o fato<br />

<strong>de</strong> estarmos atualmente num cenário <strong>de</strong> um ensino médico que, nas últimas<br />

décadas, vem se <strong>de</strong>bruçan<strong>do</strong> sobre a relação médico-paciente, justifica a<br />

legitimida<strong>de</strong> da proposição “Não po<strong>de</strong> se envolver muito!”, insinuan<strong>do</strong> algum<br />

tipo <strong>de</strong> envolvimento, e da proposição “Tem que comunicar a notícia ruim”,<br />

cuja qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação prescin<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> da relação médico-<br />

paciente para se estabelecer.<br />

Diante das proposições, os alunos nos revelam suas justificativas,<br />

seus temores, e os para<strong>do</strong>xos com que se <strong>de</strong>param no (<strong>de</strong>s)encontro <strong>do</strong><br />

discurso com a prática. Eles comentam a assertiva “o médico não <strong>de</strong>ve se<br />

envolver emocionalmente com o paciente”, ilustran<strong>do</strong> o percurso para<br />

legitimar a primeira proposição. Ao respon<strong>de</strong>rem à questão sobre como é<br />

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abordada a interação <strong>do</strong> médico com paciente à morte durante a formação,

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