12.04.2013 Views

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

180<br />

“Claro que sempre vai ter um pouco <strong>de</strong> frustração né, <strong>de</strong><br />

você não ter podi<strong>do</strong> consertar aquilo, <strong>de</strong> que embora você<br />

tenha feito to<strong>do</strong>s os esforços possíveis não teve como.”<br />

[Fragmento <strong>de</strong> entrevista - Paulo - 1º ano/2º perío<strong>do</strong>]<br />

“O seu olhar foi profun<strong>do</strong>. Parece que por um segun<strong>do</strong> eu<br />

pu<strong>de</strong> ver sua alma. Não gostei. Foi <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>r. Pelo instante<br />

<strong>de</strong> um suspiro, sem uma palavra, senti toda a sua<br />

frustração e <strong>de</strong>rrota, me fazen<strong>do</strong> sentir incapaz. “Não<br />

cumpri meu <strong>de</strong>ver”.” [Fragmento <strong>de</strong> “cena”/ Fernanda - 4º<br />

ano, 8º perío<strong>do</strong>]<br />

A presença da morte – aquela que no transcorrer <strong>do</strong> ato médico<br />

precisa ser vencida – instaura no exercício profissional um alto grau <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo enfermo, sua <strong>do</strong>r e sua trajetória à restituição da<br />

saú<strong>de</strong> ou ao êxito letal. A <strong>de</strong>nsa noção <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pela existência<br />

<strong>do</strong> enfermo e a permanente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir nestes momentos<br />

cruciais são os elementos-chave <strong>de</strong>ssa malha interconectada gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />

angústia (Siqueira-Batista, 2004).<br />

As falas <strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>ntes e as “cenas” criadas pelos estudantes ilustram<br />

a presença <strong>de</strong>ssa noção <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Eles sempre pontuam: “fiz o<br />

que pu<strong>de</strong>”; “não havia mais o que fazer”. Diante da morte, são argumentos<br />

que os ajudam a enfrentar a angústia <strong>do</strong> não-salvar.<br />

“Agora como resi<strong>de</strong>nte é mais forte, que bem ou mal você é o<br />

médico <strong>do</strong> paciente, a responsabilida<strong>de</strong> é minha, atesta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> óbito, lidar com a família, esse tipo <strong>de</strong> coisa é com você,<br />

angustia um pouco. Assim, tem paciente que a gente se<br />

apega mais <strong>do</strong> que os outros, né, mas a gente sente, na hora<br />

e passa logo” [Fragmento <strong>de</strong> entrevista - Renata - Resi<strong>de</strong>nte<br />

1]

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!