A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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4.2 Concepções sobre a morte: exorcizar ou abraçar! Camus (1983) defendeu que uma forma cômoda de travar conhecimentos sobre uma cidade é procurar saber como se ama e como morre. Como lidamos com o morrer, como se porta o homem diante da morte – tudo isso nos desvenda quem é esse homem, como é a sociedade que ele criou, em que valores ela se assenta. Identificar as concepções de estudantes/residentes de medicina sobre a morte é contextualizar o universo de valores e atitudes no qual eles estão inseridos. Por meio dos recursos da evocação de palavras realizados nas oficinas e das respostas dos depoentes nas entrevistas, tivemos a expressão “sofrimento” como representativa dos discursos, independentemente do período do curso. Os discursos apontam ainda a atitude comum de evitar o assunto, e o espanto em serem abordados sobre um tema pouco ou nada falado, ilustrado por assertivas, como: “não se fala nisso”. Os alunos que cursam a partir do quarto ano (8º período) trouxeram na evocação expressões que, segundo suas explicações, estavam relacionadas à morte de pacientes, e os remetiam ao sentimento de fracasso. Nesse momento, foi freqüente o uso de palavras como: descanso, alívio, frustração e evitar a morte. As duas primeiras referindo-se ao paciente e as demais aos sentimentos e atitudes do médico. Esses estudantes, assim como os residentes, possuem maior contato com os pacientes; alguns já 83
presenciaram e/ou vivenciaram o acompanhamento da morte de pacientes. Fato que justifica o uso dessas expressões, na medida em que os estudantes avançam em suas práticas com os pacientes, inevitavelmente – apesar de evitada, a morte se impõe enquanto presença no exercício médico. O desenho analítico a seguir resume os achados em duas expressões representativas da concepção de morte: sofrimento e fracasso. A primeira indicando uma representação existencial e simbólica, e a segunda imprimindo a marca da concepção científica moderna sobre a morte – a morte técnica e naturalizada, ou morte medicalizada. Entre uma e/ou outra, a atitude de evitação e negação compreende o traço comum. A questão da transcendência é levemente tangenciada quando se referiam ao pós-morte e resumidas por expressões, como fim e passagem. RELIGIÃO FIM PASSAGEM FÉ ALÍVIO SAUDADE DESCANSO PERDA ÓBITO DOR SOFRIMENTO MORTE FRACASSO FRUSTAÇÃO TRISTEZA EVITAÇÃO EVITAÇÃO LESÃO VAZIO IMPOTÊNCIA FAMÍLIA 84
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Dedicatória Gustavo Negreiros. Cad
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Cassorla, RMS. Esteja ao meu lado.
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Nogueira-Martins LA. O Stress Psico
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Schraiber LB. O médico e seu traba
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Apêndice Apêndice 1 UNIVERSIDADE
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