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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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<strong>de</strong> intervenção terapêutica). Tal racionalida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a se constituir em<br />

proposições “verda<strong>de</strong>iras”, ou seja, verificáveis <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

procedimentos racionais sistemáticos (preferencialmente os <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong><br />

científica) e <strong>de</strong> intervenções eficazes face ao a<strong>do</strong>ecimento humano.<br />

A prática em saú<strong>de</strong>, ao radicalizar o processo <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong><br />

científica, respon<strong>de</strong>u com o mo<strong>de</strong>lo biomédico vigente, que se refere à<br />

aplicação <strong>do</strong> pensar cartesiano à medicina. Houve, em seu trajeto, um<br />

<strong>de</strong>slocamento epistemológico e clínico da medicina mo<strong>de</strong>rna, com o<br />

<strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> saber sobre o <strong>do</strong>ente para o saber sobre a <strong>do</strong>ença. A<br />

milenar arte <strong>de</strong> curar <strong>do</strong>entes é substituída pela ciência das patologias. A<br />

história da medicina oci<strong>de</strong>ntal, em sua obsessão pelo saber científico,<br />

promove a hegemonia da diagnose sobre a terapêutica, ambas subjugadas<br />

à episteme.<br />

O itinerário percorri<strong>do</strong> pela medicina, para <strong>de</strong>senvolver essa<br />

racionalida<strong>de</strong>, teve início, portanto, quan<strong>do</strong> a medicina <strong>de</strong>scritiva hipócrática<br />

– que integrava Natureza e Homem – advogava uma visão monista, unicista<br />

<strong>do</strong> ser e, conseqüentemente, tinha como objeto a pessoa humana em sua<br />

totalida<strong>de</strong> – aproximou-se da experimentação, da observação e classificação<br />

<strong>de</strong> atos e sintomas. Assumiram lugar as perspectivas da Escola <strong>de</strong> Galeno,<br />

on<strong>de</strong> a <strong>do</strong>ença é vista como algo autônomo, terreno fecun<strong>do</strong> para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma medicina mecanicista.<br />

O segun<strong>do</strong> momento <strong>de</strong>sse percurso foi marca<strong>do</strong> pela expansão <strong>do</strong><br />

capitalismo e <strong>de</strong>finiu o projeto epistemológico da promoção <strong>de</strong> uma ciência<br />

das patologias, fortalecida nas primeiras décadas <strong>do</strong> século XIX com o<br />

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