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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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direção:<br />

Vejamos a continuação da fala da aluna <strong>do</strong> terceiro ano nessa<br />

121<br />

“O pessoal termina assimilan<strong>do</strong> que o importante mesmo é<br />

apren<strong>de</strong>r técnicas, <strong>de</strong>corar os ca<strong>de</strong>rnos. Disciplina como<br />

epi<strong>de</strong>miologia que o pessoal da saú<strong>de</strong> coletiva faz umas<br />

dinâmicas <strong>de</strong> leituras ou psicologia médica não <strong>de</strong>sperta<br />

interesse, que dirá oncologia que nem é obrigatória. O cara<br />

vai mais quan<strong>do</strong> se interessa pela especialida<strong>de</strong> ou se já<br />

pensa um pouco diferente da maioria, po<strong>de</strong> acreditar que é<br />

verda<strong>de</strong>. Tem também o fato <strong>de</strong> ter que cumprir os créditos e<br />

não ter muitas outras ofertas na época.” [Fragmento <strong>de</strong><br />

entrevista – Telma - 3ºano /6º perío<strong>do</strong>]<br />

Pereira e Almeida (2003, p.69-79) <strong>de</strong>screvem a dificulda<strong>de</strong><br />

encontrada para inserirem reflexões oriundas das ciências humanas em<br />

grupos tutoriais. Afirmam que tal fato se <strong>de</strong>ve à impregnação, pelos atores<br />

da educação médica, <strong>de</strong> um imaginário social que concebe um saber médico<br />

tradicional, o lugar privilegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção e aplicação da verda<strong>de</strong>. Eles<br />

explicam:<br />

Tal imaginário, impregna<strong>do</strong> e expresso na formação <strong>de</strong>sses<br />

tutores/facilita<strong>do</strong>res/médicos, encontra-se refleti<strong>do</strong> tanto no<br />

seu comportamento diante <strong>do</strong>s alunos quanto no <strong>de</strong>stes<br />

últimos, cuja motivação para a escolha da medicina é muitas<br />

vezes a atração por essa posição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r/saber conferida<br />

pelo ofício da medicina. Possivelmente, <strong>de</strong>corre ainda <strong>de</strong>sse<br />

imaginário a refração encontrada entre os estudantes no que<br />

diz respeito às abordagens críticas que as Ciências Humanas<br />

aportam à problemática da medicina, mostran<strong>do</strong> a relação <strong>do</strong><br />

corpo com a cultura, com a socieda<strong>de</strong> e com trajetórias<br />

individuais. Tais conhecimentos, nomea<strong>do</strong>s genericamente<br />

<strong>de</strong> “psicossociais”, são trata<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> menor importância,<br />

sen<strong>do</strong> vistos na condição <strong>de</strong> complementares aos<br />

“verda<strong>de</strong>iros” e “supervaloriza<strong>do</strong>s” conhecimentos médicos<br />

<strong>de</strong> base exclusivamente biológica.

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