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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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muitos familiares o hospital é um local on<strong>de</strong> sentem que está<br />

sen<strong>do</strong> feito o melhor para o paciente, mas po<strong>de</strong> ser também<br />

uma proteção para não verem a <strong>de</strong>cadência a <strong>do</strong>ença e a<br />

morte: uma forma socialmente aceita <strong>de</strong> asilamento. A cena<br />

pública, <strong>do</strong> moribun<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros tempos é substituída pelo<br />

quarto isola<strong>do</strong>, ou pela enfermaria, on<strong>de</strong> a morte escapa <strong>de</strong><br />

seus familiares, que muitas vezes, ocorre na calada da<br />

madrugada. É a morte burocratizada, conveniente a to<strong>do</strong>s,<br />

pois não se dá a perceber. (Kovács, 2003, p. 68).<br />

Hennezel (2001), por sua vez, também <strong>de</strong>nuncia que o hospital<br />

tornou-se um lugar on<strong>de</strong> certas cruelda<strong>de</strong>s acontecem, especialmente diante<br />

da proximida<strong>de</strong> da morte: uma <strong>de</strong>las é o anonimato, através da construção<br />

<strong>de</strong> uma muralha <strong>de</strong> silêncio, on<strong>de</strong> não se explica nada.<br />

O conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida diante da morte ou qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

morte, ou ainda “boa morte”, surge como uma resposta às conseqüências da<br />

medicalização <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> morrer, marca<strong>do</strong> por solidão e<br />

<strong>de</strong>sconhecimento.<br />

Atitu<strong>de</strong>s e maneiras <strong>de</strong> encarar a morte começaram a ser<br />

revolucionadas a partir <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Elisabeth Kübler-Ross (1969, 1996),<br />

que pioneiramente <strong>de</strong>u voz aos pacientes sobre o enfrentamento <strong>do</strong> morrer,<br />

possibilitan<strong>do</strong> que, através <strong>de</strong>les, jovens médicos e o mun<strong>do</strong> pu<strong>de</strong>ssem<br />

enten<strong>de</strong>r que sempre há o que fazer quan<strong>do</strong> a racionalida<strong>de</strong> médica<br />

instrumental afirma “não há nada mais a fazer”.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Cicely Saun<strong>de</strong>rs (1991) também trouxe novos<br />

horizontes para a mesma questão, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> o movimento <strong>do</strong>s<br />

cuida<strong>do</strong>s paliativos, extremamente conecta<strong>do</strong> à rehumanização <strong>do</strong> processo<br />

<strong>de</strong> morrer. Movimento que enfatiza a importância <strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong>s sintomas

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