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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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ser pouco trabalha<strong>do</strong>, representan<strong>do</strong> para eles “uma falha muito gran<strong>de</strong> na<br />

formação”. Os <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s exemplificam:<br />

123<br />

“É assim, não é aborda<strong>do</strong> durante o curso. É como eu<br />

disse, foi aborda<strong>do</strong> em uma aula, lá no início, em<br />

psicologia médica na terceira unida<strong>de</strong>. Talvez tenha si<strong>do</strong><br />

aborda<strong>do</strong> somente em psicologia médica. Não é aborda<strong>do</strong>,<br />

eu acho que é uma carência muito gran<strong>de</strong> que a gente tem.<br />

Porque a única coisa que a gente tem certa na vida é a<br />

morte, é a única coisa que não é relativa, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vai<br />

morrer um dia. Então isso não é aborda<strong>do</strong>. É uma falha muito<br />

gran<strong>de</strong> na formação médica, e acho que isso po<strong>de</strong>ria ser bem<br />

mais revisto.” [Fragmento <strong>de</strong> entrevista – Simone - 6ºano/12º<br />

perío<strong>do</strong>]<br />

“O curso preparar pra isso? Eu só me lembro <strong>de</strong> uma<br />

aula que a gente teve <strong>de</strong> psicologia médica. Durante to<strong>do</strong><br />

o curso, a citação <strong>de</strong>sse tema aí, eu só me lembro disso,<br />

po<strong>de</strong> até ter ti<strong>do</strong> outro, mas eu não lembro. Eu me lembro<br />

que se falou <strong>de</strong>sse tema na Psicologia Médica, acho que<br />

teve uma aula, mas também não lembro <strong>de</strong>sses<br />

ensinamentos, não lembro <strong>do</strong> que foi trata<strong>do</strong> não. Só<br />

isso, então é uma parte que fica <strong>de</strong>ficiente mesmo.”<br />

[Fragmento <strong>de</strong> entrevista – Rodrigo, Resi<strong>de</strong>nte 2]<br />

Os estudantes e resi<strong>de</strong>ntes entrevista<strong>do</strong>s evi<strong>de</strong>nciam os poucos e<br />

pontuais espaços para o ensino da morte em sua formação. Despreparo<br />

constata<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s tanto no Brasil (Vianna e Piccelli, 1988), como no<br />

exterior (Buss et al., 1998), <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que os estudantes <strong>de</strong> medicina<br />

percebem a carência <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s no curso médico para o preparo e o<br />

treinamento em lidar com a morte.<br />

que<br />

Troncon et al. (2003, p.26) confirmam esses acha<strong>do</strong>s, assinalan<strong>do</strong><br />

este ‘ocultamento da morte’ nos currículos da formação<br />

médica acaba por induzir o aluno a buscar um aprendiza<strong>do</strong><br />

solitário para lidar com estas questões, o que, muitas vezes,

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