12.04.2013 Views

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da civilização oci<strong>de</strong>ntal. Essa forma está subjugada a um entendimento<br />

sobre a natureza, sobre o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> ser das coisas e <strong>do</strong> ser <strong>do</strong> homem,<br />

e que irá promover uma estreita relação entre o conhecimento, verda<strong>de</strong> e<br />

ciência.<br />

A indagação era sobre o que constituiria o ser <strong>do</strong> real, ser das coisas<br />

– a sua natureza. Os primeiros pensa<strong>do</strong>res gregos (século VI a.C.),<br />

concebiam esse ser como “physis” – aquilo que brota, permanece e <strong>de</strong>clina;<br />

que está sempre em tensão, porque acreditavam que tu<strong>do</strong> aquilo que vem à<br />

existência, está no fluxo <strong>de</strong> impermanência e da transitorieda<strong>de</strong> (Michelazzo,<br />

2002). Tal condição <strong>de</strong> impermanência, incomo<strong>do</strong>u e incomoda muito, talvez<br />

seja a fonte <strong>de</strong> nossa angústia originária – a finitu<strong>de</strong>.<br />

Com Platão, o Ser é interpreta<strong>do</strong> por “i<strong>de</strong>a”, isto é, o aspecto, o visto;<br />

aquilo que é visto nas coisas quan<strong>do</strong> elas se apresentam. A “i<strong>de</strong>a” surge da<br />

“physis”, ou seja, é o aspecto daquilo que aparece, mas trata-se apenas <strong>de</strong><br />

uma parcela <strong>do</strong> real, só aquilo que é visto , só o que tem visibilida<strong>de</strong> passa a<br />

ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pelo pensamento, impon<strong>do</strong>-se como a interpretação<br />

normativa <strong>do</strong> ser das coisas. Temos aqui a crença <strong>de</strong> que o pensamento<br />

po<strong>de</strong> segurar o ser das coisas. Se não po<strong>de</strong> reter os entes sensíveis, por<br />

causa da sua impermanência po<strong>de</strong> retê-los na idéia, no conceito, nas<br />

proposições, já que são entes supra-sensíveis (resistentes a<br />

transitorieda<strong>de</strong>s) (Michelazzo, 2002).<br />

Na medida em que o ser <strong>do</strong> ente, apreendi<strong>do</strong> como “physis”, se<br />

transforma em “i<strong>de</strong>a”, uma gran<strong>de</strong> e fundamental mudança se opera em<br />

nosso mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> perceber o real.<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!