A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

emuneração. Encontraram, ainda, a expectativa do exercício de uma
medicina caracterizada pela ajuda, compromisso, idealismo e cuidado
(Batista e Dini, 2004), dados que demonstram convergência com nossos
achados.
É importante registrar que expressões como renúncia, dedicação e
estresse começam a surgir a partir do terceiro ano, talvez devido o fato de
que, com a reformulação curricular, os estudantes começam, no segundo
ano, a ter contato com os pacientes. Conseqüentemente começam mais
cedo as exigências à aplicação do seu conhecimento, bem como a
dificuldade em relação à administração do tempo, que terá seqüência nos
próximos anos.
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“Olha, é ter uma vida pesada, é muito estressante, não tenho
tempo para mais nada.” [Fragmento de entrevista – Tibério -
3º ano/ 5º período].
Nessa direção apontam os estudos de Bellodi et al. (2002), quando
afirmam que aprender a “ser médico” significa, muitas vezes, perda e/ou
diminuição do contato com o mundo não-médico, especialmente em relação
ao lazer, ao contato com a família e outros significantes fora do ambiente
acadêmico.
Já a partir do 4º ano, é freqüente também a preocupação em ser
paciente, ter bom humor, ser simpático, deixando explícitos que são
requisitos que garantem a adesão do paciente ao médico – ou seja, “eles
voltam”, conforme sugere o trecho: