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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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209<br />

“[...] Hoje ele provavelmente morrerá, e terei <strong>de</strong> apoiar sua<br />

família, mesmo também estan<strong>do</strong> triste.” [Fragmento <strong>de</strong><br />

cena – Cecília - 5º ano/ 10º perío<strong>do</strong>]<br />

“[...] Logo, eu ficaria ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> paciente, pegaria na mão,<br />

perguntaria como ele estava, se ele tem alguma pergunta a<br />

fazer, se ele quer que eu traga alguém como acompanhante.<br />

Sairia, falaria com a família (esposa, irmãos), pediria para um<br />

<strong>de</strong>les entrar e ten<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> <strong>de</strong>talhadamente o caso<br />

explicaria para o familiar interessa<strong>do</strong>, os <strong>de</strong>talhes técnicos <strong>de</strong><br />

forma simples. Sairia dali pensan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>i as informações<br />

<strong>de</strong> maneira clara sem ser ru<strong>de</strong>, com a cabeça pesada.”<br />

[Fragmento <strong>de</strong> cena – Clara - 5º ano/ 10º perío<strong>do</strong>]<br />

Ainda que <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> no passa<strong>do</strong>, como fez Cecília, ou no futuro,<br />

conforme relata Clara, as estudantes que durante as entrevistas afirmavam,<br />

respectivamente, “tenho me<strong>do</strong> <strong>de</strong> não conseguir” e “é um paciente que você<br />

não consegue ficar ao la<strong>do</strong>, às vezes tem que chamar um psicólogo”,<br />

concretizam o papel <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> <strong>de</strong> estarem junto, mas não no momento da<br />

morte.<br />

Apenas no <strong>de</strong>bate elas se dão conta <strong>de</strong> não terem construí<strong>do</strong> “cenas”<br />

em que os médicos (as estudantes) estivessem no momento da morte <strong>de</strong><br />

seu paciente. Apesar <strong>de</strong> estarem morren<strong>do</strong>, eles não morrem na cena e,<br />

embora os médicos não tenham uma justificativa – por exemplo, um<br />

chama<strong>do</strong> urgente, outro compromisso –, elas <strong>de</strong>ixam claro nas narrativas<br />

que eles não estarão presentes no fim.<br />

Concluem, durante o <strong>de</strong>bate na oficina: “Acho que é tão difícil que a<br />

gente nem soube como colocar, embora a gente queira fazer e queira<br />

apren<strong>de</strong>r” (fala emocionada <strong>de</strong> Cecília, 5º ano/10º perío<strong>do</strong>). “Pulamos o pior<br />

momento, e na vida real como vai ser?” (Clara - 5º ano/10º perío<strong>do</strong>).

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