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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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6.3 Quan<strong>do</strong> a prática queima os <strong>de</strong><strong>do</strong>s. A mensagem <strong>do</strong> Deus Hermes:<br />

cuidar da <strong>do</strong>r <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>r<br />

238<br />

A voz é rouca e <strong>do</strong>rida e a distância tão penosa<br />

Quem sofre já não se espanta: cala e chora.<br />

Cecília Meireles<br />

A partir <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>s estudantes/resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> medicina sobre<br />

as percepções em relação às suas interações intersubjetivas no encontro da<br />

morte <strong>de</strong> um paciente ao longo da formação médica, e a avaliação <strong>de</strong>sse<br />

processo, é possível respon<strong>de</strong>r a outra indagação, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o plano<br />

analítico inspira<strong>do</strong> em Habermas (1996): Essas interações são coerentes<br />

com o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> médicos que os estudantes perseguem?<br />

Não é apenas a voz <strong>do</strong> paciente que cala e chora a distância imposta<br />

pelo pensar instrumental que invadiu a prática médica. Os estudantes <strong>de</strong><br />

medicina e os médicos são impedi<strong>do</strong>s pelo horizonte morfofuncional que<br />

legitima essas práticas, <strong>de</strong> expressar e escutar a dimensão da<br />

intersubjetivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> se aproximar <strong>do</strong> sofrer humano; são ensina<strong>do</strong>s a calar<br />

a <strong>do</strong>r <strong>do</strong> outro e a sua.<br />

Mas há quem se espante e não cale. Os <strong>de</strong>sejos revela<strong>do</strong>s pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> serem médicos técnicos e humanos na <strong>do</strong>ença e na morte<br />

<strong>de</strong> seus pacientes, <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong>s pelas novas diretrizes curriculares, buscam<br />

levantar vozes que promovam a ampliação <strong>de</strong>sse horizonte formativo e<br />

transformem o encontro médico-paciente em cuida<strong>do</strong>, algo possível quan<strong>do</strong><br />

o horizonte é a humanização.

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