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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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Vamos retomar três relatos <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s autores das “cenas” em que<br />

eles expõem seus me<strong>do</strong>s, para observarmos como, na construção das<br />

“cenas”, além <strong>de</strong> eles <strong>de</strong>stacarem seus questionamentos <strong>de</strong> como fazer,<br />

eles ensaiam possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s que gostariam <strong>de</strong> conseguir realizar<br />

na vida real com seus pacientes. As falas são:<br />

197<br />

“Eu não quero ter que dar uma notícia ruim. Diagnóstico<br />

ou prognóstico ruim.” [Fernanda, 4º ano/ 8º perío<strong>do</strong>]<br />

“To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> diz que eu me envolvo muito, mas eu não acho.<br />

Eu me entrego muito ao paciente, é o meu normal, mas tenho<br />

me<strong>do</strong> porque to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> diz que é <strong>de</strong>mais. Eu quero<br />

balancear não sofrer <strong>de</strong>mais, como uma vez que eu saí pra<br />

não chorar na frente <strong>do</strong> paciente, mas também não quero<br />

chegar a me tachar <strong>de</strong> fria como eu vejo muitos serem.<br />

Eu tenho me<strong>do</strong>.” [Sofia, 6º ano/ 12º perío<strong>do</strong>]<br />

“Eu tenho, assim, me<strong>do</strong> <strong>de</strong> não conseguir aquilo que eu<br />

já disse, <strong>de</strong> dar atenção, confortar na medida <strong>do</strong> possível,<br />

porque o paciente que tá pra morrer é um paciente que<br />

você não consegue ficar <strong>do</strong> la<strong>do</strong>. Por exemplo, como eu<br />

não sentir tanto essa emoção que ta passan<strong>do</strong> no meu rosto,<br />

enten<strong>de</strong>u? Como eu não passar pra ele?” [Clara, 5º ano/ 10º<br />

perío<strong>do</strong>]<br />

Fernanda (4º ano /8º perío<strong>do</strong>), autora da primeira cena em questão,<br />

havia revela<strong>do</strong> seu me<strong>do</strong> <strong>de</strong> dar a notícia ruim. Em sua ficção, ela<br />

inicialmente não <strong>de</strong>screve como foi da<strong>do</strong> o prognóstico, dizen<strong>do</strong>: “ele já<br />

estava ciente da gravida<strong>de</strong>...”, consegue estabelecer um diálogo com ele e<br />

sua família, marca<strong>do</strong> por atenção, conforto (espiritual e familiar) e uma<br />

comunicação transparente e afetiva, verbal e não-verbal (olhares, toques)<br />

sobre a proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fim.<br />

A aluna comentou, durante a oficina, que o momento <strong>de</strong> dar a notícia<br />

e acompanhar o impacto é o que ela imagina ser mais difícil. Conclui que,

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