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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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tu<strong>do</strong> redundaria apenas em sofrimentos ainda mais terríveis e<br />

na morte. E essa mentira o atormentava; sofria pelo fato <strong>de</strong><br />

não quererem admitir o que to<strong>do</strong>s viam tão bem, assim como<br />

ele próprio, pelo fato <strong>de</strong> mentirem, obrigan<strong>do</strong>-o a tomar ele<br />

próprio parte naquela farsa. O fingimento em que incorriam<br />

relativamente à sua pessoa às vésperas <strong>de</strong> sua morte,<br />

aquela mentira que rebaixava o ato formidável e solene da<br />

sua morte ao nível das visitas, das cortinas, <strong>do</strong>s jantares finos<br />

que os preocupavam, era atrozmente <strong>do</strong>lorosa para Ivan<br />

Ilicht. [...] Essa mentira que reinava à sua volta e em si<br />

mesma envenenava mais que qualquer outra coisa os últimos<br />

dias <strong>de</strong> Ivan Ilicht.<br />

O movimento da “boa morte” ou da rehumanização da morte ergue-se<br />

contra a morte medicalizada e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que as pessoas possam se<br />

preparar para morrer, possam <strong>de</strong>cidir sobre si mesmas também nessa hora.<br />

Trata-se da ressituação <strong>do</strong> paciente enquanto sujeito <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong><br />

vida-saú<strong>de</strong>-a<strong>do</strong>ecimento-morte, cujo objetivo principal é a intervenção<br />

terapêutica. As iniciativas <strong>de</strong> humanização na medicina, na assistência à<br />

saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maneira geral também caminham nesse senti<strong>do</strong>.<br />

Deslan<strong>de</strong>s (2004, p.4) resume o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua análise <strong>do</strong>cumental<br />

sobre a humanização, afirman<strong>do</strong>:<br />

Finalmente, como costura <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>mandas e<br />

problemas diagnostica<strong>do</strong>s, os <strong>do</strong>cumentos apontam a<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong> diálogo, a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo<br />

comunicacional entre profissionais e usuários e entre<br />

profissionais e gestores, repercutin<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma negativa no<br />

cuida<strong>do</strong> presta<strong>do</strong>. O <strong>de</strong>srespeito à palavra e a falta <strong>de</strong> troca<br />

<strong>de</strong> informações, a <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> da escuta e <strong>do</strong> diálogo<br />

promoveriam a violência, comprometeriam a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

atendimento e manteriam o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> refém das<br />

condições ina<strong>de</strong>quadas que não raro lhe imputam <strong>de</strong>sgaste e<br />

mesmo sofrimento psíquico. Assim, a humanização também<br />

é vista como ampliação <strong>do</strong> processo comunicacional.

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