A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...
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quan<strong>do</strong> acontece, ocorre nos últimos anos <strong>do</strong> curso, ou algum aluno a<br />
presencia <strong>de</strong> forma aci<strong>de</strong>ntal. A maioria <strong>do</strong>s alunos até a residência não<br />
acompanhou o processo <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> um paciente. Somente a partir <strong>do</strong><br />
quinto ano temos relatos <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> contato com a morte <strong>de</strong><br />
pacientes em estágios extracurriculares e curriculares. Ou seja, apenas no<br />
internato e na residência surgem as primeiras experiências <strong>de</strong> fato com a<br />
morte <strong>de</strong> um paciente.<br />
Portanto, na maioria <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos os entrevista<strong>do</strong>s se remetem<br />
aos sentimentos imagina<strong>do</strong>s. Vejamos algumas ilustrações sobre o primeiro<br />
contato com a morte nos vários perío<strong>do</strong>s da formação:<br />
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“Não tive. Mas eu quero tá preparada pra confortar a<br />
família, pra saber o que dizer, e também assim, tá<br />
preparada pra me conformar.” [Fragmento <strong>de</strong> entrevista -<br />
Deborah - 2º ano /4º perío<strong>do</strong>]<br />
“Acho q dá uma sensação <strong>de</strong> frustração, <strong>de</strong> fracasso,<br />
impotência, né? Porque a gente tá tentan<strong>do</strong> o tempo to<strong>do</strong><br />
salvar né, você não tá se preparan<strong>do</strong> pra tratar um<br />
paciente que vai morrer, a gente tá sempre esperan<strong>do</strong>,<br />
você tá ali pra salvar mesmo. Eu sei que eu ia ficar<br />
principalmente se fosse um paciente meu, a minha<br />
responsabilida<strong>de</strong>, o primeiro pensamento que eu tive foi<br />
abalada, foi o primeiro, eu espero não agir com tanta<br />
frieza, como eu sei que tem gente que age, mas também<br />
não po<strong>de</strong> ficar aquela coisa muito abalada.” [Fragmento <strong>de</strong><br />
entrevista – Taciana - 3º ano/5º perío<strong>do</strong>].<br />
“Já perdi alguns, mas assim, que eu faço muitos estágios,<br />
então eu tenho contato com pacientes crônicos, já perdi<br />
vários. Dá uma sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota algumas vezes. Foi no<br />
segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, eu acompanhava uma médica... ele<br />
tinha um carcinoma, já tinha metástase no corpo quase to<strong>do</strong>,<br />
e ele já tinha amputa<strong>do</strong> essa parte toda, meta<strong>de</strong> da face já<br />
tinha si<strong>do</strong>... eu passei o plantão inteiro estressada, que eu<br />
nunca tinha visto ninguém morrer... Foi a primeira morte<br />
que eu tive contato...” [Fragmento <strong>de</strong> entrevista – Cecília -<br />
5º ano/10º perío<strong>do</strong>]