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A Construção do “ser médico” - Centro de Referência e Treinamento ...

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muitas vezes o uso <strong>de</strong> conceitos psicológicos e psicanalíticos<br />

não servem como uma forma <strong>de</strong> aproximação <strong>de</strong> si mesmo e<br />

<strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong> outro, mas como mais<br />

uma arma para medicalizar o discurso <strong>do</strong> paciente e<br />

escamotear a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colher uma história.<br />

Diríamos, escamoteia a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecer uma<br />

comunicação qualificada diante <strong>de</strong> diagnósticos e prognósticos com<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura.<br />

Afirmar que uma família não quer saber, ou que está negan<strong>do</strong> o<br />

prognóstico ruim; “o real prognóstico <strong>do</strong> seu familiar moribun<strong>do</strong>”, po<strong>de</strong><br />

representar um argumento para não se aproximar e escutar as muitas <strong>do</strong>res<br />

(para além das físicas) <strong>de</strong>sses familiares ou <strong>do</strong> paciente (que, ao pedir que<br />

apresse sua morte, po<strong>de</strong> também querer dizer que sabe <strong>de</strong> sua gravida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>seja abrir espaço para falar sobre sua partida). Tais argumentos po<strong>de</strong>m<br />

ser utiliza<strong>do</strong>s para validar uma comunicação que se limite a esclarecer “a<br />

situação básica”.<br />

A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar e o conflito em querer aten<strong>de</strong>r ao<br />

pressuposto “tem que dar a notícia ruim” com uma comunicação clara e<br />

transparente é evi<strong>de</strong>nte em parte da narrativa, quan<strong>do</strong> o resi<strong>de</strong>nte relata: “o<br />

diagnóstico digo sem utilização <strong>de</strong> termos técnicos, <strong>de</strong> forma que fique o<br />

mais claro possível para entendimento <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s”. Observa-se<br />

também a ausência <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s com objetivo <strong>de</strong> confortar emocionalmente o<br />

paciente.<br />

Merece registro o fato <strong>de</strong> que o autor da “cena” foi um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

entrevista<strong>do</strong>s que se posicionaram contra o envolvimento com o paciente.<br />

Assimilou o pressuposto absoluto <strong>de</strong> que o médico “não po<strong>de</strong> envolver-se

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